São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Um presidente amigo da criança
HÉLIO MATTAR
Como exemplo, o Brasil deverá, nesse período, reduzir a mortalidade infantil e a materna em um terço, buscar erradicar o trabalho infantil, reduzir no mínimo em um terço a taxa de desnutrição de crianças menores de cinco anos e garantir educação de qualidade a todas as crianças e adolescentes. O compromisso envolve também a obrigação de, se eleito, o candidato elaborar em seis meses um plano de ação contendo metas desafiadoras, nos 21 indicadores, para seus quatro anos de governo, bem como as atividades, cronogramas, órgãos responsáveis e a previsão orçamentária voltados ao cumprimento dessas metas e do referido plano. De acordo com o termo de compromisso assinado com a Fundação Abrinq, o plano de ação deve ser discutido com organizações da sociedade civil e, em seguida, aprovado no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. O candidato se compromete também a, ainda se eleito, garantir transparência à execução do plano, elaborando um relatório anual sobre as atividades e o atingimento das metas para apresentá-lo, pessoalmente, em audiência pública, a organizações da sociedade civil e a um grupo de jovens especialmente capacitados pela Fundação Abrinq para esse monitoramento. Compromete-se também a garantir que os recursos necessários à execução do plano de ação sejam incluídos no Orçamento público e que, havendo necessidade de cortes orçamentários, outras verbas poderão ser cortadas, mas não aquelas destinadas a programas voltados a crianças e adolescentes. Todos nós sabemos que entre o discurso de campanha e a prática do candidato eleito pode existir grande distância. Mas sabemos também que vontade política é o primeiro passo para que o discurso se traduza em ação. A assinatura do termo de compromisso pelo candidato demonstra essa vontade política de planejar a gestão, definir planos consistentes com as metas a alcançar, garantir os recursos necessários às ações propostas e, principalmente, caminhar de mãos dadas com a sociedade, dando transparência às ações de governo, o que pode encurtar o caminho para levar as ações à prática e ajudar a driblar interesses políticos clientelistas. A boa democracia exige que a atividade política seja, por excelência, negociar convergências e construir uma visão comum para a sociedade. Que convergência maior pode haver que a de dar condições a nossos jovens para que sejam adultos plenamente capacitados para a vida? Afinal, são 61 milhões de crianças e adolescentes no Brasil, o mesmo que toda a população da França ou da Itália. O que justificaria termos um presidente só para as crianças e adolescentes brasileiros ou, no mínimo, que o futuro presidente fizesse da infância e da adolescência do país a prioridade das prioridades. E, com isso, criasse condições para que, em uma geração, o Brasil fosse de fato a mãe gentil de quem seus filhos todos pudessem se orgulhar. Hélio Mattar, 55, engenheiro, é presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Foi secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento (1999-2000). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Neissan Monadjem: Superando o discurso anticorrupção Índice |
|