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CLÓVIS ROSSI
Um vazio (ou dois)
SÃO PAULO - Se as urnas de domingo confirmarem as pesquisas, é razoável
supor que Paulo Salim Maluf terá
disputado a sua última eleição, na
medida em que encolhe a cada votação, a ponto de quase quase se transformar em "nanico".
Abrir-se-á, portanto, um vazio no
panorama eleitoral paulistano e paulista: o malufismo é o mais recente
exemplar de uma corrente política
que vem, pelo menos, de meio século
e foi até dominante em São Paulo
(capital e Estado). Adhemar de Barros e Jânio Quadros, antes de Maluf,
representaram essa linhagem, que,
em menor medida, tem em Orestes
Quércia outra expressão (ainda que
Quércia não seja um conservador em
matéria de costumes, característica
desse tipo de populismo).
É possível que a aposentadoria de
Maluf provoque, pura e simplesmente, a desaparição de candidatos com
o seu perfil, deixando o terreno livre
para uma disputa entre tucanos e petistas, como já ocorreu na mais recente eleição estadual, com o segundo
turno entre Geraldo Alckmin e José
Genoino. Mas é pouco provável.
Seria capaz de apostar que há mais
malufistas do que os pouco mais de
10% que se dispõem a votar agora em
Maluf. Migraram para outras candidaturas provavelmente por fadiga do
material e pela conseqüente falta de
perspectivas eleitorais do candidato.
Se, durante meio século, pouco
mais ou menos, houve alguém parecido com Maluf nas cédulas eleitorais, por que não continuaria a haver
assim que Maluf finalmente deixar
espaço para novas lideranças? Talvez
não haja tempo para surgir alguém
assim para 2006, mas que há um vazio, é inegável. E, em política, já é até
lugar-comum dizer que o vazio é
sempre preenchido.
Mais adiante, aliás, haverá um segundo vazio, este à esquerda, à medida que for caindo a ficha e o pessoal descobrir que o PT não é nem remotamente o que foi até eleger Lula.
Mas essa é uma história para mais
longo prazo.
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