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IRAQUE E POLÍTICA
A cinco semanas da eleição presidencial nos EUA, o secretário
de Estado, Colin Powell, adotou a sugestão feita em 2003 pela Rússia e pela França -e, recentemente, pelo
candidato democrata à Presidência,
John Kerry- de realizar uma reunião multilateral sobre o Iraque.
A conferência, de acordo com Powell, poderá ocorrer no Cairo, no
Egito, provavelmente no mês de outubro. Participariam do evento os
países vizinhos do Iraque, incluindo
a Síria e o Irã -considerados por
Washington Estados que apóiam o
terrorismo-, uma idéia do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que a
Casa Branca antes rejeitara.
A proposta americana surgiu depois de dez dias de ataques ininterruptos de Kerry à guerra, que se tornou o tema central de sua campanha.
Para o democrata, o conflito "não teve justificativa, pode levar o caos à região e mina o combate ao terror".
Ademais, há fortes dúvidas na cena
mundial sobre a viabilidade da realização do pleito legislativo no Iraque,
que, sob pressão dos EUA, Bagdá
marcou para janeiro. Também fariam parte das discussões no Cairo
as correntes internas iraquianas e os
países do G8 (a Rússia e os sete Estados mais industrializados).
Lançando a idéia, que vai ao encontro de outras iniciativas da Casa
Branca visando a obter apoio internacional à reconstrução iraquiana,
George W. Bush busca legitimar a
eleição iraquiana, além de responder
às acusações dos democratas.
A possibilidade de dar mais espaço
à comunidade internacional é louvável, mas é necessário certo ceticismo
saudável. Vale salientar que não há
solução simples para os problemas
iraquianos. É impossível, por exemplo, vislumbrar uma situação de segurança razoável no país sem a presença dos mais de 150 mil militares
estrangeiros que hoje nele atuam.
Além de ser uma chance para que a
França e a Rússia tentem demonstrar
aos EUA que a invasão foi um erro, o
encontro só terá sentido se houver
um verdadeiro compromisso global
com a estabilização e a reconstrução
do Iraque a médio e longo prazos.
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