São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Investigação
"A reportagem "Kroll usou ex-executivos para investigar empresas e governo" (Brasil, 25/10, pág. A9) traz mais uma vez meu nome envolvido em suposto roubo de e-mail. O autor da acusação deve valer-se de uma máxima atribuída a Paul Josef Goebbels: uma mentira repetida inúmeras vezes se torna uma verdade. Devo esclarecer que o caso citado na reportagem foi objeto de inquérito instaurado para apurar os fatos apontados como ilícitos, passíveis de reprimenda legal. O Ministério Público do Estado de São Paulo, por relatório de 16 de maio de 2002, concluiu pela inocorrência de ato lesivo ao interesse do denunciante. Em determinado ponto da manifestação, a Promotoria afirma que a denúncia não passa de um "diz-que-me-diz, notícias indiretas, não há nenhum fato concreto". O processo foi arquivado. O arquivamento desse inquérito (anexo) acompanhado de carta com os devidos esclarecimentos foram enviados a vários jornalistas da Folha. Alguns insistem na sua divulgação e, ao fazê-lo, inflacionam a calúnia. A acusação de "roubo" de 4.000 e-mails feita na mídia desde 2001 passou, na edição do jornal, para 6.000. Essas acusações infundadas, que a Justiça inaceitou, determinando o seu arquivamento, acabam, como é óbvio, por prejudicar-me. E esse prejuízo se estende a meus familiares, atingindo também os negócios que dirijo."
Maria Regina Yazbek (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Elvira Lobato - A Folha procurou a missivista antes de publicar a reportagem, informou sua assessoria sobre o conteúdo, mas ela não quis responder.

Depoimento
"O "Manual de Redação" da Folha não foi obedecido na reportagem "Maluf deve depor na Justiça da Suíça" (Brasil, pág. A6, 27/10), pois no texto não está o que pensa o "outro lado" dos fatos narrados. O ex-prefeito de São Paulo, se fosse ouvido, o que não aconteceu, diria que irá depor na Suíça, se convidado, pois jamais deixou de comparecer a qualquer Ministério Público, na Justiça ou CPI. A reportagem, além disso, reproduz também o que diz o promotor Sílvio Marques, na denúncia apresentada a Justiça, de que Maluf tem conta no exterior, sem o ex-prefeito expor sua defesa. Maluf não tem e nunca teve conta no exterior. A denúncia do Ministério Público é inepta, não tem valor, pois contem nos autos apenas o trabalho do perito do promotor Sílvio Marques. Maluf sempre quis que essa denúncia fosse feita à Justiça, pois dessa forma ele e seus advogados têm, finalmente, acesso ao processo. Assim, haverá agora nos autos a peritagem da defesa e do próprio juiz, além daquela do promotor. No famoso caso "Frangogate", Maluf foi tripudiado pelo promotor Alexandre Moraes, hoje por coincidência secretário da Justiça do governador Geraldo Alckmin, pela mídia. E, quando o processo chegou à Justiça, ficou provado, pela perícia, que o ex-prefeito era inocente e nada tinha com o caso."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Autoria
"A reportagem "Investimentos em moradia têm de dobrar" me atribui a declaração de que "a habitação é uma das áreas em que a administração municipal teve mais acertos". A frase representa exatamente o contrário do que penso e do que acontece de fato na cidade. Também gostaria de destacar uma informação que não foi tratada na reportagem. De 2001 para cá, a CDHU viabilizou 29.493 moradias, com recursos de R$ 856,1 milhões. Dessas, 14.754 foram entregues (único dado abordado na reportagem) e 14.739 estão em construção. Apesar de a reportagem focar apenas a capital, acho importante ressaltar que as ações do governo do Estado estão em todos os municípios paulistas, inclusive no que se refere à CDHU. Dos recursos que a companhia está aplicando em todo o Estado, ou seja, R$ 2 bilhões, 36% estão sendo investidos na capital devido ao déficit habitacional estar mais concentrado na cidade."
Raul do Valle, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia a seção "Erramos", abaixo.

Televisão
"Muito interessante a coluna de Daniel Castro (Ilustrada, 25/10) sobre a pressão que a Globo e a SBT estão realizando contra projeto de lei relacionado com a obrigatoriedade de televisores vendidos no país conterem dispositivo bloqueador de programas indesejáveis. A classificação indicativa, ao contrário do que as emissoras parecem entender, não deve ser encarada como um entrave; ao contrário, pode ser a solução para que muitos simplesmente voltem a assistir programas de televisão! E, além disso, que permitam seus filhos fazerem o mesmo, se os dispositivos bloqueadores estiverem disponíveis."
Paulo Tominaga (Brasília, DF)

Fantástico
"O "Fantástico" exibiu no domingo 17/10 reportagem sobre distorções no programa Bolsa-Família. Em três cidades, duas escolhidas ao acaso, desvios de finalidade: o dinheiro não estava chegando apenas aos mais pobres. Ao longo da última semana, as denúncias se confirmaram. A Folha, certamente convencida por apuração própria, publicou editorial com título contundente: "Bolsa-Desvio". Na primeira reportagem, o "Fantástico" retratou o caso de uma menina pobre que, embora faça parte do público-alvo do Bolsa-Família, não estava recebendo o auxílio. A informação partira da avó. Nas listas oficiais, o nome da menina não aparecia. Domingo passado, de manhã, o "Fantástico" descobriu que a menina recebia o Bolsa- Família: a informação da avó era incorreta e a lista oficial trocou letras do nome da menina. Sem execrar ninguém, o "Fantástico" reconheceu o erro integralmente. Talvez também críticos da seção "Erramos", da própria Folha, os colunistas Nelson de Sá e Daniel Castro estranharam: um chamou a atitude de recuo; o outro, de mico. Nós da Globo, damos outro nome ao reconhecimento de um erro: transparência."
Ali Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Central Globo de Jornalismo (Rio de Janeiro, RJ)

Fotos reveladas
"A imprensa brasileira tem a mania de discutir assuntos periféricos, evitando, na medida do possível, analisar o núcleo das questões. Vejamos o que está ocorrendo no caso das fotos publicadas no jornal "Correio Brasiliense", como sendo do jornalista Vladimir Herzog, flagrado em seus últimos momentos de vida, antes de morrer sob torturas, nos porões do DOI-Codi, nos anos de chumbo da ditadura militar. O foco das discussões está dirigido para a divergências entre os que afirmam que as fotos são de Vladimir Herzog, e que alegam serem de outro preso político. Está tudo errado! Não importa quem seja o homem das fotos. O importante é que elas mostram o tratamento humilhante e constrangedor ao qual eram submetidos os presos políticos brasileiros, vítimas contumazes de torturas físicas, psicológicas e morais."
Júlio Ferreira (Recife, PE)

Violência
"Hoje em dia, não é mais necessário acompanhar os noticiários para termos uma noção de como está a situação da segurança em nossa região. Basta sairmos de nossas casas que notamos os modos das pessoas para evitar de sofram algum crime. Isso pode ser observado, por exemplo, no modo de andar das pessoas nas ruas. Elas andam com medo, desconfiadas de todos, evitam usar objetos como tênis caros e celulares para não serem roubadas. Devido à impunidade, o criminoso age com freqüência e com cada vez mais audácia. Tendo a certeza que vai roubar o que quer com facilidade sem o risco de ser preso."
Wagner Fernandes Guardia (São Vicente, SP)


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