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AVANÇOS E RISCOS
As dificuldades que o governo e as empresas brasileiras enfrentam para obter crédito no exterior continuam muito grandes. Em
outubro foram renovados apenas 7%
dos títulos de dívida externa de empresas que venceram no mês. Nesse
quadro de prolongado e severo fechamento do crédito externo, é bastante positiva a notícia de que o déficit em conta corrente voltou a cair.
Em outubro esse déficit se limitou a
US$ 34 milhões, contra mais de US$
2,4 bilhões em outubro do ano passado. Nos 12 meses findos em outubro, o déficit foi de US$ 10,7 bilhões,
o que representou queda de 58% sobre os 12 meses anteriores e correspondeu a 2,3% do PIB -a proporção
mais baixa desde setembro de 1996.
A necessidade do país de atrair dólares para fechar suas contas externas continua, portanto, a diminuir
com velocidade surpreendente. Já se
pode vislumbrar que as contas externas do país transitam para uma posição mais sustentável.
Mas há problemas. O principal é
que a melhora das contas externas
tem sido impulsionada sobretudo
pela alta drástica do dólar e pelo baixo crescimento da economia.
O ajuste das contas externas não
pode se fiar nesses fatores por muito
tempo. A alta do dólar já começa a
cobrar um preço alto em termos de
pressão sobre a inflação -tanto que
o próprio BC já admite que vai se tornando cada vez mais difícil cumprir a
meta de limitar a inflação em 2003 a
no máximo 6,5%.
A pressão inflacionária, por sua
vez, prejudica as perspectiva de crescimento -seja diretamente, porque
corrói a renda dos consumidores, seja indiretamente, porque a política
econômica, para coibir a alta de preços, acaba pressionada a tomar atitudes (como subir os juros) que sacrificam a atividade econômica.
O caminho atual de ajuste das contas externas, portanto, embute o risco de uma indesejável combinação
de inflação com estagnação. Para fugir da estagflação, será preciso criar
condições para que a melhora das
contas externas prossiga mesmo depois que a economia volte a crescer e
que o dólar, hoje excepcionalmente
caro, volte a um nível "normal".
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