São Paulo, Terça-feira, 28 de Dezembro de 1999


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PAINEL DO LEITOR

Ciência e tecnologia
"O editorial "Falta de ciência" (Opinião, 24/12) afirma que o legado do governo na área de ciência e tecnologia é pobre, além de as ações serem isoladas e não frutificarem. Sugere que os gastos federais em custeio foram reduzidos no mesmo período de 18%, e as bolsas em 15%, enquanto o aumento do gasto privado anunciado pelo governo seria questionável.
É preciso esclarecer que os gastos do Tesouro em ciência e tecnologia não devem ser considerados de forma isolada, como se fossem independentes do esforço de ajuste fiscal realizado nesses anos. De fato, a redução de gastos, que atingiu o governo como um todo, afetou também a área de ciência e tecnologia.
O governo como um todo está consciente da importância desses investimentos no contexto atual. O Programa Avança Brasil 2000-2003 é um sinal claro dessa prioridade. Em termos de recursos, o aumento acumulado ao longo dos próximos quatro anos para a área de ciência e tecnologia é de 50%. Sabemos que será preciso fazer mais que isso e mobilizar o setor privado, focalizar melhor o gasto e implantar mecanismos de financiamento para o esforço necessário aos desafios do futuro.
É importante trabalhar para equilibrar o quadro que sempre imperou no país entre o esforço das instituições universitárias, sobretudo públicas, e a reduzida participação privada no gasto em pesquisa e desenvolvimento, comparativamente a qualquer outro país do mundo em condições equivalentes às do Brasil.
Há muito que fazer nos próximos anos na construção de mecanismos de incentivo à inovação que articulem esforço das universidades, do setor privado e do governo."
Carlos Américo Pacheco, secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (Brasília, DF)

Nota da Redação - O missivista parece confirmar as informações do editorial: as estatísticas sobre o investimento privado em ciência e tecnologia são duvidosas, e caiu o gasto do governo federal nessa área, considere-se ou não o impacto do ajuste fiscal.

Figueiredo e a democracia
"O general Newton Cruz e o ex-ministro Carlos Átila, que participaram do governo Figueiredo, disseram que "o general Figueiredo foi um presidente democrata". A frase não faz sentido. Ele serviu à ditadura enquanto ela existiu, e com tanta dedicação que foi designado pelos generais para ser presidente da República. E é inegável que um democrata não aceitaria nunca desempenhar o cargo de ditador. A força de Figueiredo não emanava do povo, que nunca o elegeu. A sua força vinha dos quartéis.
Numerosos fatos demonstram que ele não era democrata. Citemos apenas dois: 1) não permitiu as eleições diretas; 2) não apurou o atentado ocorrido no Riocentro."
Luis Vergniaud (Rio de Janeiro, RJ)

Ações estadistas
"Um juiz deu liminar contra a realização de jogo de futebol à tarde, quarta-feira. O prefeito Pitta pediu a troca do horário, baseado na confusão da cidade, já muito transtornada pelo trânsito. Com o jogo de dia era o mesmo que instalar o caos na cidade. Jânio Quadros, quando presidente, proibiu corridas de cavalos e jogos de futebol em dias que não fossem fins de semana ou feriado. Esta democracia neoliberal, incolor, inodora e insípida, dá pouco pão e muito circo para distrair o povo da falta de empregos. Na próxima eleição presidencial vamos escolher um candidato que dê muito trabalho, suor e lágrimas para a população. Alguém como o notável Winston Churchill que prometeu, durante a guerra, muito sacrifício, suor e lágrimas para o povo inglês. Este sim era um grande estadista."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

Crítica a pesquisa
"A Folha, mais uma vez, mostra a tendência de só colocar em manchete o que interessa ao jornalista, e que seja sensacionalista. Dizer que 69% de crianças e jovens do Brasil acham que a vida não vai melhorar (São Paulo, 24/12) e que só superamos a Colômbia, em manchete, e não mencionar que no item "vai melhorar" ficamos na frente de sete países é, no mínimo, tendencioso. Aliás, a pesquisa em que se gastou uma folha do jornal não me diz grande coisa."
Luiz Zitto Barbosa (Bragança Paulista, SP)

Sentido do Natal
"Além de primar pelo rigor do estilo, o artigo "Sarah, leito 5, Natal", do senador José Sarney (Opinião, 24/12), cativa e comove.
O Natal deveria ser, de fato, uma proposta de abertura das mentes em busca de um maior entendimento entre as pessoas. Uma saída do "eu" para o "outro". O barulho da propaganda consumista torna-nos surdos ao desabafo de tantas pessoas sofridas que carregam a esperança no Deus que ouve os seus gritos.
Muita gente ainda fala e celebra o Natal dentro de uma visão sentimentalista e de tapeação, baseada não na visão daquele que socorria os sofredores, mas na figura de um velho estrangeiro que distribui presentes como se o Natal fosse de brinquedos, vinhos, comidas e bolinhas coloridas."
Marcos Osmar Schultz (Belo Horizonte, MG)

Bom ou ruim?
"Nunca apreciei a posição de muitos contra a ditadura. Para nossa desesperança somos, talvez, o único país do mundo a ter um partido comunista em plena atividade, sistema que ruiu há muito e que representava poder nas mãos de totalitaristas cruéis.
Da massa popular e políticos que se opuseram, sejam do Executivo, do Legislativo ou mesmo do Judiciário, nunca vi ninguém se ocupar em formar as bases e os alicerces de uma nação internacionalmente respeitada."
Evaldir Grigoli (São Paulo, SP)

Por mais igualdade
"As elites dominantes, receosas pelo encolhimento de suas benesses, exerceram seu poder econômico postergando programas sociais e colocando no pódio os três Fernandos (Collor, Henrique e d. Henrique 2º).
Deu no que deu: despotismo, corrupção, violência, impunidade, desemprego e desrespeito aos princípios democráticos.
Agora, sob o efeito bumerangue, esperamos dessas elites que, até pela preservação de seus patrimônios, substituam a pressão econômica pelo raciocínio lógico de que todos têm direito ao mínimo de dignidade e cidadania."
Humberto de Barros Pereira Filho (São Paulo, SP)

Boas-festas
A Folha agradece e retribui as mensagens de boas-festas que recebeu de: Roberto Freire, senador (Brasília, DF); Miguel Colasuonno, vereador (São Paulo, SP); Ricardo Ohtake, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente (São Paulo, SP); Instituição Religiosa "Perfect Liberty" (São Paulo, SP); Mino Carta (São Paulo, SP); Tales Castelo Branco, advogado (São Paulo, SP); Milton Sayegh Joalheiro (São Paulo, SP); Manager Assessoria em Rec. Humanos; Benedito Lemes (Mogi Mirim, SP); José Verdasca (São Paulo, SP).


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