São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Apelo à paz

Na sua mensagem ao mundo, "Urbi et orbi", João Paulo 2º, no dia de Natal, repetiu várias vezes o apelo à paz.
Sua principal preocupação é que se apague a violência que continua afligindo muitas nações. Reafirmou , de modo veemente, a necessidade de construir a paz, baseada na justiça, no amor, na liberdade e na verdade, e de impedir o "banho de sangue" que ameaça explodir com renovada virulência.
Referiu-se, em especial, à crise que perdura entre Israel e os palestinos e ao perigo iminente de um conflito armado entre Estados Unidos e Iraque. No Oriente Médio, urge extinguir o "terrível incêndio", que pode ser evitado com a ajuda de todos. Defendeu que qualquer intervenção no Iraque deve ser aprovada pela Organização das Nações Unidas e que um esforço coletivo da humanidade é capaz de impedir a guerra no Golfo Pérsico.
Na sua solicitude de Pastor, contemplou a situação da África, que sofre carências devastadoras e contínuas lutas internas. Voltou também a sua atenção paterna para a América Latina, onde não foram ainda superadas as crises na Venezuela e na Argentina.
Nesta dramática conjuntura, o Papa João Paulo 2º anuncia Jesus Cristo como salvação da humanidade e convoca-nos a renovar a fé no menino que é Deus e vem ao mundo para guiar nossos passos no caminho da paz. Da gruta de Belém eleva-se hoje, de novo, o apelo para que ninguém caia na indiferença, na suspeita e na desconfiança. Convida, assim, os fiéis de todas as religiões a edificar a paz e a abandonar toda forma de intolerância.
A mensagem de Natal é sempre ocasião de nos abrirmos à esperança e à certeza da proteção divina para vencer os graves desafios de nossos dias.
Essa paz tão desejada para as nações fundamenta-se na convicção profunda de que "não há paz sem justiça e não há justiça sem perdão". Essa é a frase cunhada na bela medalha com a efígie do Papa João Paulo 2º. Esses princípios devem nortear também o relacionamento pessoal e familiar, que está na base da vida em sociedade e da concórdia entre os povos.
A dignidade da pessoa humana exige atitude de respeito e de estima por todos para que supere tensões, discriminações, amarguras e ressentimentos. Essa atitude, auxiliada pela graça de Deus, há de garantir a correção dos erros cometidos e há de criar condições para que se vençam as barreiras e seja alcançada a reconciliação fraterna que Cristo veio trazer à humanidade.
Nesse forte anseio de paz, ao pedirmos a Deus que afaste toda injustiça, ódio e violência, é preciso acompanhar a prece com gestos concretos de compreensão e de harmonia no seio da família. A paz começa em casa. Temos de perceber o mal que causam o descontrole na bebida alcoólica e o uso da droga. Entra no lar a tristeza. Os filhos ficam atônitos e perdem a paz diante do mau comportamento dos que deveriam ser exemplo para eles. E quantos pais sofrem ao ver rapazes e moças, criados com amor e sacrifício, cederem à atração da droga!
O apelo de João Paulo 2º à paz leva-nos ao empenho cotidiano para eliminar em nós as raízes do egoísmo e para evitar tudo o que possa oprimir o próximo e nos separar uns dos outros no lar e na sociedade. Estaremos, assim, nos educando para a aceitação das diferenças, para o respeito ao pluralismo e para a busca conjunta da verdade. Será então possível, com a graça de Deus, conviver no amor e na paz que Cristo nos revela e ensina.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Gabriela Wolthers: Diversão e dólares
Próximo Texto: Frases

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.