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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Apelo à paz
Na sua mensagem ao mundo,
"Urbi et orbi", João Paulo 2º, no
dia de Natal, repetiu várias vezes o
apelo à paz.
Sua principal preocupação é que se
apague a violência que continua afligindo muitas nações. Reafirmou , de
modo veemente, a necessidade de
construir a paz, baseada na justiça, no
amor, na liberdade e na verdade, e de
impedir o "banho de sangue" que
ameaça explodir com renovada virulência.
Referiu-se, em especial, à crise que
perdura entre Israel e os palestinos e
ao perigo iminente de um conflito armado entre Estados Unidos e Iraque.
No Oriente Médio, urge extinguir o
"terrível incêndio", que pode ser evitado com a ajuda de todos. Defendeu
que qualquer intervenção no Iraque
deve ser aprovada pela Organização
das Nações Unidas e que um esforço
coletivo da humanidade é capaz de
impedir a guerra no Golfo Pérsico.
Na sua solicitude de Pastor, contemplou a situação da África, que sofre carências devastadoras e contínuas lutas
internas. Voltou também a sua atenção paterna para a América Latina,
onde não foram ainda superadas as
crises na Venezuela e na Argentina.
Nesta dramática conjuntura, o Papa
João Paulo 2º anuncia Jesus Cristo como salvação da humanidade e convoca-nos a renovar a fé no menino que é
Deus e vem ao mundo para guiar nossos passos no caminho da paz. Da gruta de Belém eleva-se hoje, de novo, o
apelo para que ninguém caia na indiferença, na suspeita e na desconfiança.
Convida, assim, os fiéis de todas as religiões a edificar a paz e a abandonar
toda forma de intolerância.
A mensagem de Natal é sempre ocasião de nos abrirmos à esperança e à
certeza da proteção divina para vencer
os graves desafios de nossos dias.
Essa paz tão desejada para as nações
fundamenta-se na convicção profunda de que "não há paz sem justiça e
não há justiça sem perdão". Essa é a
frase cunhada na bela medalha com a
efígie do Papa João Paulo 2º. Esses
princípios devem nortear também o
relacionamento pessoal e familiar, que
está na base da vida em sociedade e da
concórdia entre os povos.
A dignidade da pessoa humana exige atitude de respeito e de estima por
todos para que supere tensões, discriminações, amarguras e ressentimentos. Essa atitude, auxiliada pela graça
de Deus, há de garantir a correção dos
erros cometidos e há de criar condições para que se vençam as barreiras e
seja alcançada a reconciliação fraterna
que Cristo veio trazer à humanidade.
Nesse forte anseio de paz, ao pedirmos a Deus que afaste toda injustiça,
ódio e violência, é preciso acompanhar a prece com gestos concretos de
compreensão e de harmonia no seio
da família. A paz começa em casa. Temos de perceber o mal que causam o
descontrole na bebida alcoólica e o
uso da droga. Entra no lar a tristeza.
Os filhos ficam atônitos e perdem a
paz diante do mau comportamento
dos que deveriam ser exemplo para
eles. E quantos pais sofrem ao ver rapazes e moças, criados com amor e sacrifício, cederem à atração da droga!
O apelo de João Paulo 2º à paz leva-nos ao empenho cotidiano para eliminar em nós as raízes do egoísmo e para
evitar tudo o que possa oprimir o próximo e nos separar uns dos outros no
lar e na sociedade. Estaremos, assim,
nos educando para a aceitação das diferenças, para o respeito ao pluralismo e para a busca conjunta da verdade. Será então possível, com a graça de
Deus, conviver no amor e na paz que
Cristo nos revela e ensina.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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