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GABRIELA WOLTHERS
Diversão e dólares
RIO DE JANEIRO - Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dividir o Ministério
de Esporte e Turismo em dois. Não foi uma decisão técnica, e sim política,
uma maneira de agradar aos aliados, colocando um nome do PC do B
numa fatia e um do PTB na outra.
Bem que poderia ser uma secretaria atrelada ao Ministério do Desenvolvimento, mas, já que teremos uma pasta só para cuidar do turismo, vamos torcer para que Walfrido Mares Guia evite a solução fácil de lotear
politicamente os cargos.
Turismo é levado a sério nos países
que têm dinheiro. Mais sério, então,
deveria ser tratado aqui, já que precisamos desesperadamente de qualquer dólar que esteja disponível no
mundo. O problema é que, apesar de
já termos melhorado, ainda estamos
longe, muito longe do ideal.
Segundo a Organização Mundial
do Turismo, o Brasil ocupa a 29ª posição no ranking dos países que mais
recebem turistas estrangeiros. Até dá
para entender ficar atrás de França,
Espanha, Estados Unidos e Itália, os
campeões mundiais. Mas será compreensível perder para Polônia, Malásia ou Hungria?
Para quem acha o assunto irrelevante, vale a pena citar algumas cifras. A Espanha arrecadou US$ 31 bilhões em 2000 só com turismo. O México, US$ 8,3 bilhões -praticamente
o dobro do Brasil, com US$ 4,22 bilhões. O turismo movimenta a mesma quantidade de dólares do total
exportado no mundo inteiro em automóveis e alimentos. E deixa para
trás potências como a computação.
Numa viagem recente a Natal, fiquei surpresa ao ver placas e cardápios de restaurantes estarem em português e em sueco. Sueco? Descobri
que uma parceria do governo do Estado com a iniciativa privada possibilitou que um vôo semanal chegasse
diretamente de Estocolmo, encurtando a viagem e a chateação de o turista ir até São Paulo para só depois subir ao Nordeste. Se uma solução simples dessas foi capaz de movimentar a economia de uma cidade, imagine
o que uma política agressiva de turismo poderia fazer pelo país.
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