São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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GABRIELA WOLTHERS

Diversão e dólares

RIO DE JANEIRO - Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dividir o Ministério de Esporte e Turismo em dois. Não foi uma decisão técnica, e sim política, uma maneira de agradar aos aliados, colocando um nome do PC do B numa fatia e um do PTB na outra.
Bem que poderia ser uma secretaria atrelada ao Ministério do Desenvolvimento, mas, já que teremos uma pasta só para cuidar do turismo, vamos torcer para que Walfrido Mares Guia evite a solução fácil de lotear politicamente os cargos.
Turismo é levado a sério nos países que têm dinheiro. Mais sério, então, deveria ser tratado aqui, já que precisamos desesperadamente de qualquer dólar que esteja disponível no mundo. O problema é que, apesar de já termos melhorado, ainda estamos longe, muito longe do ideal.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, o Brasil ocupa a 29ª posição no ranking dos países que mais recebem turistas estrangeiros. Até dá para entender ficar atrás de França, Espanha, Estados Unidos e Itália, os campeões mundiais. Mas será compreensível perder para Polônia, Malásia ou Hungria?
Para quem acha o assunto irrelevante, vale a pena citar algumas cifras. A Espanha arrecadou US$ 31 bilhões em 2000 só com turismo. O México, US$ 8,3 bilhões -praticamente o dobro do Brasil, com US$ 4,22 bilhões. O turismo movimenta a mesma quantidade de dólares do total exportado no mundo inteiro em automóveis e alimentos. E deixa para trás potências como a computação.
Numa viagem recente a Natal, fiquei surpresa ao ver placas e cardápios de restaurantes estarem em português e em sueco. Sueco? Descobri que uma parceria do governo do Estado com a iniciativa privada possibilitou que um vôo semanal chegasse diretamente de Estocolmo, encurtando a viagem e a chateação de o turista ir até São Paulo para só depois subir ao Nordeste. Se uma solução simples dessas foi capaz de movimentar a economia de uma cidade, imagine o que uma política agressiva de turismo poderia fazer pelo país.


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