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A privatização pode melhorar o saneamento?
SIM
Desestatização ajuda área social
ROBERTO MOUSSALLEM
A privatização da Embasa (Empresa
Baiana de Águas e Saneamento) faz
parte da política de desestatização
que o governo baiano está implementando, com muito sucesso, desde
1994. Já foram privatizadas as empresas de energia e navegação e o banco
estatal.
A política de desestatização é importante para as finanças públicas
porque reduz despesas. Além disso,
traz capital privado para investimentos expressivos em infra-estrutura,
melhorando a qualidade na prestação
dos serviços.
Para citar um exemplo: a Coelba
(Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), vendida por R$ 1,74 bilhão, com ágio de 77,44%, em dois
anos e meio atuando como empresa
privatizada, já investiu R$ 364 milhões, poupando o governo desse desembolso. Quando o Estado deixa de
investir e reduz o custeio nas áreas
privatizadas, passa a ter condições de
intensificar investimentos em outras
áreas, sobretudo na social.
Lembro que o saneamento é um setor, no Brasil, em que os números
mostram uma necessidade de investimentos intensivos para que se consiga chegar a níveis ideais de cobertura
de água e de esgoto.
Levantamentos do próprio governo
federal indicam a necessidade de investimentos que superariam US$ 20
bilhões para que fossem alcançados
índices adequados. Não há como governos estaduais ou empresas estatais
alocarem esses recursos. É, portanto,
de fundamental importância que haja
aporte complementar de recursos do
capital privado para o saneamento.
A privatização da Embasa nos parece o caminho mais rápido e eficiente
para que possamos assegurar à nossa
população um salto de qualidade de
vida no que se refere a saneamento.
Os números do esgotamento sanitário deixam a dever em todo o país, inclusive entre nós, mas as nossas perspectivas de melhora são concretas.
Em 1995, o índice de cobertura nos
centros urbanos da Bahia era de
13,4% de esgoto tratado. Hoje, é de
18%. Nossas projeções indicam que
chegaremos a 40% em dois anos.
Está em pleno andamento um dos
maiores programas de saneamento já
realizados no Brasil: o Bahia Azul. Deve ser também o mais importante.
Com investimento de US$ 600 milhões, o programa fará com que Salvador seja uma das capitais mais bem
saneadas do país, preservando e saneando as águas da baía de Todos os
Santos e os rios urbanos, despoluindo
as praias e beneficiando, além da capital, mais 11 municípios situados em
torno da baía.
É preciso que esse nível de investimento seja mantido e até ampliado. A
Embasa está sendo privatizada com
obrigações de investimentos explicitadas no edital de privatização e metas de cobertura e de qualidade dos
serviços a serem cumpridos pela empresa vencedora. O objetivo da privatização, portanto, é atingir níveis de
saneamento adequados e assegurar
um serviço de qualidade para toda a
população.
O programa de privatização está
sendo feito em conjunto com o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Pretendemos, no final de fevereiro, contratar a empresa de consultoria que
fará a avaliação da empresa, definindo sua modelagem. Será criada, ainda, uma agência estadual reguladora
dos serviços de saneamento.
Cabe um alerta: o setor de saneamento é muito mais complexo do que
os demais setores de serviços públicos. Além disso, existem lacunas na
legislação que o rege, favorecendo a
ocorrência de conflitos, principalmente na área da titularidade. Não se
deve esperar que a desestatização em
nível nacional se dê com brevidade.
Enquanto isso, o governo federal
precisa manter o nível de investimento no setor, sob pena de começarmos
o novo milênio com retrocesso nos
indicadores de saneamento. Isso significaria o retrocesso nos indicadores
da qualidade de vida do povo.
Roberto Moussallem, 49, engenheiro eletricista, é
secretário da Infra-Estrutura da Bahia.
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