São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR


Barganha
"É impressionante o poder de barganha do governo Fernando Henrique Cardoso. A velha política do "toma-lá-dá-cá" está a todo vapor, ainda mais agora, com as eleições das presidências da Câmara e do Senado. Concordo com o deputado José Genoíno (PT-SP) sobre o Orçamento impositivo ("Governo favorece aliados na liberação de dinheiro", Brasil, pág. A4, 28/1). Talvez esse seja um dos únicos instrumentos capazes de moralizar e amenizar a política do é "dando que se recebe"."
Ricardo Harada (Jacareí, SP)


Cavalgados e cavalgaduras
"É puro prazer poder ver tão bem traduzido pelo colunista Elio Gaspari o que sinto e desejo expressar: "FFHH defende a globalização dos cavalgados" (Brasil, pág. A10, 28/1).
Evlyn de Moraes Novo (São José dos Campos, SP)

"Mais uma vez o presidente Fernando Henrique Cardoso derrapa em seus verbos ao falar sobre o Fórum anti-Davos. O colunista Elio Gaspari, com sua perfeição interpretativa, nos dá a exatidão desses comentários. Fica fácil perceber como o poder corrompeu os pensamentos do ex-sociólogo FHC."
Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)


FPF
"São impressionantes as denúncias da Folha contra a Federação Paulista de Futebol e seus dirigentes principais ("FPF "esquece" US$ 1,2 mi no exterior; cheque cita Farah" (Esporte, pág. D1, 28/1). Devem ser apenas a ponta do iceberg de corrupção que envolve o futebol paulista. A não divulgação das rendas nos estádios, as negociatas envolvendo atletas, o dinheiro rodando em contas na Suíça e a sonegação fiscal são outras tantas mazelas. A entidade não declara Imposto de Renda, já que seus dirigentes não são remunerados, trabalham pelo amor ao futebol. Acham que somos palhaços? Como desprezam o público que vai aos estádios, já que atualmente vivem muito bem com as cotas da TV, deixo hoje de assistir ao jogos de futebol, meu programa favorito. Quem sabe mexendo no bolso da TV a imprensa televisiva assuma seu papel para acabar com essa roubalheira. A imprensa é em grande parte responsável pela situação que aí está. Parabéns à Folha por cumprir seu trabalho investigativo."
Eduardo Ramos de Andrade Neto (São Paulo, SP)


Ame-a ou ame-a
"Após ler a coluna de Luís Nassif de 27/1 ("Os serviços vão para o interior", Dinheiro, pág. B3), decidi escrever sobre algo que há algum tempo me incomoda: a quase total falta de amor pela cidade de São Paulo. Não só falta de amor, mas, para nós da "velha guarda", também uma grande falta de gratidão e de respeito por tudo o que a cidade nos proporcionou. Estamos cansados de ver frases do tipo "I Love You" para cidades que "nem constam no mapa", mas raramente vemos "I Love You São Paulo". Questiono também a pesquisa da Folha que mostrou que 65% dos paulistanos mudariam de São Paulo se pudessem. Achei o número baixo. Já fiz a mesma pergunta a muita gente e nove entre dez responderam, sem titubear, que um dia sairão de São Paulo. Mas quantos poderão realizar o grande (?) sonho? Pergunto-me, então, se não seria mais fácil e racional cada um de nós, verdadeiros paulistanos e que aqui criamos os nossos filhos, lutar por São Paulo, pelo nosso espaço, pela nossa cidadania, enfim, lutarmos para ter, aqui mesmo, uma vida melhor e feliz."
José Airton Piovesan (São Paulo, SP)


Selvageria
"Deplorável. Essa é a única palavra que cidadãos conscientes podem usar para descrever os atos de vandalismo praticados no Rio Grande do Sul por integrantes de movimentos políticos de cunho extremista. Uma empresa produtiva teve seu trabalho destruído e suas instalações depredadas em um ato de selvageria e covardia que em nada deve aos métodos das tropas de assalto nazistas ou dos coletivizadores soviéticos. A terra que deu ao Brasil Getúlio Vargas e Osvaldo Aranha hoje encontra-se à mercê de uma horda de desajustados sociais. E onde está o governo gaúcho nessa hora? Desonrando as tradições do povo que o elegeu, sendo omisso e dando cobertura a ações políticas que todos gostaríamos de ver sepultadas junto às pedras do Muro de Berlim."
Rodrigo Nunes Ricardo (Florianópolis, SC)

"A distância geográfica entre Porto Alegre e Davos pode ser vencida em horas. A ideológica, talvez em algumas dezenas de anos. Mas em pelo menos um aspecto as duas cidades estão bem próximas: tanto na Suíça como no Brasil, opta-se pela comodidade de discutir políticas econômicas e sociais entre pares. Como se a ninguém interessasse quebrar as barreiras entre os guetos ideológicos. Seja na Europa, na América do Sul ou num barco no meio do Oceano Atlântico, torna-se urgente um tipo de fórum no qual articuladores do capital e da ação social discutam uma nova ordem na qual seja banida a hierarquia dos "mundos". Em lugar de Primeiro e Terceiro mundos, passemos a falar num só mundo, auto-sustentável, justo, sem abismos sociais. Enquanto isto não acontecer, Porto Alegre e Davos só se aproximarão nas páginas opostas dos jornais."
Carlos Alberto Bezerra Júnior, vereador (PSDB) (São Paulo, SP)

"Como participante do protesto em frente ao McDonald's em Porto Alegre no último dia 25, gostaria de salientar que punks e anarquistas não foram os únicos a participar da manifestação. Além de estudantes da USP, da Unicamp, da PUC-SP e de várias outras universidades, membros de organizações populares e cerca de trezentas pessoas estiveram ali. Pacífico e simbólico, o protesto foi um repúdio a esse ícone dos tempos neoliberais que, dentre outras coisas, como disse Eduardo Galeano no Fórum, proíbe a sindicalização de seus funcionários. Durante o protesto, a polícia estadual gaúcha cumpriu seu papel com correção e sem os excessos de outras paragens, como o verificado na avenida Paulista, em São Paulo, no ano passado, por subordinados de quem não anda gostando muito do Fórum anti-Davos."
Sérgio José Custódio, mestrando em Ciência Política pela Unicamp (São Paulo, SP)


Preconceito empresarial
"O exemplo de luta de Mário Covas desmascara o preconceito empresarial contra aqueles que têm mais de 40 anos de idade no Brasil. Espero que nossos empresários aprendam a lição."
Mário Luiz Lúcio (São Paulo, SP)


Domesticação
"Como sempre, há que se louvar a lucidez de Clóvis Rossi. O artigo "Domesticação" (Brasil, pág.A2, 28/1) traduz, de forma brilhante, a maneira pela qual as esperanças e os sonhos dos que esperam por soluções transformam-se em utopias. Enquanto não houver a crença no coletivo e no bem comum, todos aqueles que levantam a bandeira de luta pelo povo, quando se encontram fora do Poder, devem, antes, consultar seu íntimo para reconhecer se são realmente legítimas suas aspirações e não somente apenas degraus para a ascensão de seus pequenos egos. É pena, no entanto, que você Rossi só possa constatar, e nós, ajudar a protestar."
Lisete Baccari Gramorelli (São Paulo, SP)



Texto Anterior: Álvaro Pereira Júnior: Fuzilado na Barão de Limeira
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.