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ARGENTINA NA ESPERA
"A Argentina caminha por
um estreito desfiladeiro, onde há, de um lado, o abismo de uma
hiper-recessão e, do outro, o abismo
da hiperinflação". Essa frase, dita pelo vice-ministro argentino da Economia, Jorge Todesca, ilustra a gravidade dos dias que antecedem o anúncio
de mais um pacote econômico.
Tudo indica que esse conjunto de
medidas será decisivo. Ao que consta, deve levar à total pesificação dos
depósitos e das dívidas em dólares.
A desdolarização da economia recupera a capacidade do Banco Central argentino de emitir moeda nacional sem lastro e de exercer a função de emprestador de última instância para o sistema financeiro. É um
caminho para destravar o funcionamento da cadeia de pagamentos,
uma das condições para a Argentina
obter capacidade de voltar a crescer a
médio prazo.
No entanto, restam em aberto as
questões mais cruciais. Aguarda-se,
por exemplo, quais serão as regras
para a conversão dos depósitos de
dólares para pesos.
Essa não é uma operação trivial. O
curralzinho (o bloqueio das contas
bancárias) provavelmente não será
imediatamente extinto. A população
teme que a inflação corroa o poder
aquisitivo dos recursos bloqueados.
A criação de um índice de atualização desses depósitos é vista com temor. Esse mecanismo poderia gerar
um indexador para toda a economia,
o que traria um efeito realimentador
capaz de levar o processo inflacionário ao descontrole.
Tampouco há certeza sobre quais
serão os limites iniciais para a emissão de pesos. Além disso, a elaboração do orçamento está complicada
em razão dos graves problemas fiscais que o país enfrenta.
Disciplinas fiscal e monetária são
essenciais para afastar o risco de hiperinflação. Para isso, será fundamental uma significativa e ainda incerta ajuda financeira internacional.
Essas incertezas mostram que o sofrimento da Argentina ainda está
longe de terminar.
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