São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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RITMO ALUCINANTE

Os atentados suicidas contra Israel já se repetem no alucinante ritmo de uma ou duas grandes ações por semana. Quando saem às ruas, os israelenses já não sabem se conseguirão voltar para suas casas. É difícil viver sob tanta e tão contínua tensão, situação à qual, aliás, os brasileiros, especialmente os que vivem nas grandes cidades, estão sendo agora submetidos.
A menos que se imagine que os palestinos são todos fanáticos que não dão valor a suas próprias vidas, fica evidente que existe um grave problema na região, ou os grupos radicais não teriam tanta facilidade para arregimentar candidatos a mártir. Apenas uma população mergulhada em profundo e antigo desespero poderia fornecer tantos jovens dispostos a sacrificar a si mesmos para atingir um punhado de inimigos.
E, por mais que Israel reforce o policiamento, cace os líderes dos grupos extremistas e isole o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, nunca terá plena segurança. Sempre haverá a possibilidade de um terrorista ludibriar os policiais. A única maneira de resolver esse problema é dar uma solução política ao conflito israelo-palestino. Não é ocioso recordar que, enquanto caminhavam bem as conversações de paz, o terrorismo palestino deixou de ser um problema grave em cidades como Tel Aviv ou Jerusalém.
Gostem ou não os israelenses, se quiserem frequentar suas ruas com um mínimo de sossego, terão de voltar a negociar com os palestinos. Os dois lados já estiveram perto o suficiente de um acordo de paz para provar que é factível acabar definitivamente com as hostilidades.
Atitudes como a do atual primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de humilhar Arafat e apostar numa solução militar apenas prolongam o conflito e acirram os ânimos dos palestinos, permitindo prever uma escalada da atividade terrorista.
Os palestinos precisam conquistar seu Estado para recuperar a esperança, o direito de sonhar. Só assim os israelenses poderão usufruir da paz com que também sonham.


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