São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Receita e Bolsa
"Lendo o editorial "Difícil compensação" (Opinião, pág. A2, 24/1), que tem por mote a redução (sic) no recolhimento do Imposto de Renda, gostaria de lembrar um pequeno detalhe que vem sendo esquecido -por certo propositalmente: o aumento de 100% no IR, que vem sendo impingido nos lucros auferidos em negócios na Bovespa desde o mês em curso, não se contabiliza como brutal incremento de receita? E pensar que houve época em que aventaram a possibilidade de suprimir a cobrança de CPMF para incrementar os negócios na Bolsa."
Rui Ernesto Otto Behr (São Paulo, SP)

PMDB
"Discordo das declarações do deputado Michel Temer, presidente do PMDB, que disse que Itamar Franco está tumultuando o partido ("Temer acusa Itamar de "tumultuar" PMDB", Brasil, pág. A5, 27/1). Creio que os governistas do PMDB, comandados por Michel Temer, sejam os verdadeiros coveiros do partido -e não aceitam a candidatura de Itamar Franco porque sabem que com ele na Presidência não teremos conchavos nem favorecimentos. Que saudades de Ulisses Guimarães!"
Anacio Haddad (São Paulo, SP)

Século não-paulista
"Em 2002, completaremos um século sem um paulista na Presidência da República. O último que lá esteve, ainda no Catete, Francisco de Paula Rodrigues Alves, natural de Guaratinguetá, completou o seu mandato em 1906. Sucedia ao então advogado campineiro Manoel Ferraz de Campos Salles, que por sua vez substituiu o também advogado Prudente José de Moraes Barros, nascido lá pelas bandas de Itu. Assim como aconteceu em 1989 -com Covas, Ulysses, Afif e Maluf-, surgem agora os paulistas Ciro Gomes e José Serra. O primeiro, ligado ao Ceará, quer correr numa faixa em que o pernambucano Lula e o seu PT reinam absolutos. O segundo, paulista da gema, carrega o ônus de ser governo, é tido como antipático e não consegue emplacar. Nesse panorama, emana a figura da conservadora maranhense Roseana Sarney. É governo, mas ninguém se atém a esse detalhe. Como Collor, é um produto da mídia, adrede preparada em estúdio de televisão. É o chamado "canto da sereia". Será que vou passar por esta vida terrena sem ver um paulista ser presidente da República?"
Aires Pereira Filho (Campinas, SP)

Mais de 50
"Quase toda mulher acima de 50 anos sabe costurar, bordar e fazer crochê e tricô -e quantos quitutes gostosos saem de nossas mãos! Por que não passarmos essa experiência para a mulher jovem -intelectual, empresária, professora, política ou carente? Quantos homens acima dos 50 anos e que são excelentes profissionais poderiam passar suas experiências técnicas para os jovens? Vamos sair de dentro da ostra, "desenterrar a cabeça da areia", ir ao encontro do próximo. Temos uma parcela de culpa -por nosso comodismo e omissão- pelo caos político a que chegou o nosso Brasil. E, agora, queremos entregar tudo aos jovens e dizer simplesmente: o futuro do Brasil está nas mãos dos jovens. Que covardia! Ainda há tempo. Se unirmos as pessoas acima de 50 anos de todo o Brasil, poderemos criar um governo honesto e justo. Com meus 73 anos bem vividos, agradeço a Deus por ter nascido neste paraíso terrestre que se chama Brasil."
Idevalda Resende Naves (São Paulo, SP)

BC e STF
"Acredito que as propostas de adoção de autonomia para o Banco Central e de democratização da forma de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal representem avanço para o país. Mas, como ambas as medidas atingem atribuições da Presidência da República, sua aprovação agora, no último ano do atual mandato, poderia ser vista como destinada a subtrair poderes do futuro presidente. Sem suspeita de casuísmo, melhor seria que essas importantes alterações institucionais fossem discutidas no novo governo -com a Câmara dos Deputados e dois terços do Senado renovados."
Paulo Lourenço (Araçatuba, SP)

Educação e eleição
"As escolas públicas estaduais de São Paulo têm uma grande falta de serventes, de escriturários e de inspetores de alunos porque há anos não são realizados concursos. E agora, para a nossa surpresa, o "Diário Oficial" do Estado de 19 de janeiro autoriza o afastamento, durante todo o ano de 2002, de quase 1.500 dos referidos servidores para trabalharem no TRE. O governo estadual está vestindo um santo e desvestindo outro. Por que não abre uma frente de trabalho, já que tanta gente precisa?"
Roberto Augusto Torres Leme, presidente da Udemo -Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Respeito e confiança
"É público e notório o antagonismo que existe entre a Polícia Civil e o Ministério Público no Estado de São Paulo. Inexplicavelmente, o Poder Executivo tem, nos últimos anos, nomeado promotores de Justiça para dirigir a polícia, causando desalento em toda a instituição. As circunstâncias exigem que o aparato policial seja comandado por alguém que imponha respeito e mereça a confiança dos integrantes da classe policial. Seria o primeiro passo para reduzir essa violência assustadora."
Ademir Birches Lopes (Ribeirão Preto, SP)

Sequestros
"O sequestro e assassinato de Celso Daniel exige dos deputados federais um projeto, em regime de urgência, para punir com a pena de morte os sequestradores. Há poucos dias, uma senhora sequestrada foi levada à porta de sua casa e fuzilada pelas costas. Oito sequestros estão em andamento no Estado de São Paulo neste momento. Em 2001, foram 307 os casos. Alguns "relâmpago", praticados por amadores. Não podemos culpar a polícia por não agir preventivamente nesses crimes, pois temos 10 milhões de habitantes nesta megalópole. É preciso uma lei severa, que afaste os óbices constitucionais que existam para a implantação da lei da pena de morte. Não importa se a pena amedronta ou não o bandido."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

Automedicação
"Automedicação é o comportamento segundo o qual uma pessoa passa a usar remédios, respeitáveis ou não, por iniciativa própria e sem orientação por parte de médico. Muito usada no Brasil, essa conduta propicia vários inconvenientes. Para coibir tais inadequações, o Ministério da Saúde mandou incluir propagandas de remédios, bons ou ruins, a frase: Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. A intenção é elogiável, contudo não deixa de configurar endosso oficial à desaconselhável automedicação, pois concorda com tentativas protelatórias, aptas a gerar impropriedades por vezes graves. O Ministério preocupou-se com o assunto -e isso é louvável-, mas deveria escolher orientação mais justa e correta. Há quem pretenda justificar a automedicação valorizando a influência de alguns fatores: elevado custo da assistência médica privada; má atenção concedida por planos de saúde; precário acesso, comumente, a setores públicos. Não obstante, esses argumentos são ineficientes para conceder respaldo a procedimento incorreto."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)


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