São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

A reforma que não acabou

BRASÍLIA - Tremei ministros que ficaram e se sentem aliviados desde o anúncio do troca-troca ministerial. As posses passaram, mas a reforma pode não estar concluída.
Ao avaliar seus ministros, até numa reunião com os mais chegados, num sábado, Lula captou duas unanimidades -Cristovam Buarque e Anderson Adauto- e uma dúvida -Humberto Costa. Buarque caiu, Adauto pode estar com os dias contados, e Costa que se cuide.
Adauto (PL) tem umas histórias esquisitas em Minas e montou uma equipe fraca. Diz a lenda que Lula o manteve a pedido do vice, o curioso José Alencar. Dizem as "fontes" que a história é um tanto diferente.
Para começar, o "esforço" de Alencar tem duas versões: a de que foi real e a de que não foi tanto assim. Algo na linha: "Presidente, espalhe que eu defendo o cara até a morte, mas faça o que tem de ser feito".
Em segundo lugar, o próprio vice não está com essa bola toda. Além de insistir na lengalenga dos juros, numa hora aparece cartinha para furar fila de transplante, noutra, para pedir que um apadrinhado passe em concurso na raça. Convenhamos que não é nada engrandecedor.
Por último, a questão de Adauto nem está no vice, mas no dono da vaga: o PL. Tira-se Adauto e põe-se quem no lugar? Olha daqui, investiga dali, o governo chegou ao nome do prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, mas ele morre de medo de desarticular o seu esquema político no Estado. Sobraram dois deputados inexpressivos, e ficou melhor esperar a hora e a vez do prefeito.
Humberto Costa? Forte é que não está. Mas não há prazos.
No mais, Carlos Lessa continua se segurando no BNDES, sabe-se lá por quanto tempo. Ao provocar Palocci, Lessa entrou num balaio de gatos com suas qualidades e seus defeitos. Enquanto os "ortodoxos" da Fazenda ficarem, ele vai ficando. Se caírem, será a senha para a mudança.
Ao que tudo indica, Lula tomou gosto pela coisa.


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