São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Promissoras perspectivas do comércio exterior

MIGUEL JORGE


Para atingir esses resultados, de nada valerá o esforço do governo. O fundamental são as iniciativas do exportador brasileiro


O ANO passado apresentou uma forte expansão do comércio exterior brasileiro, com a corrente de comércio de US$ 281 bilhões, um aumento de 22,2% com relação a 2006. As exportações ultrapassaram US$ 160 bilhões, e as importações superaram US$ 120 bilhões.
Esses números recordes confirmam o sucesso da prioridade do governo do presidente Lula ao comércio exterior, com benefícios inegáveis para a competitividade das empresas, o controle da inflação, a melhora das contas externas e o crescimento econômico do país.
De 2003 a 2007, a taxa média anual de crescimento das exportações do país foi de 21,7%, bem superior à das exportações mundiais, de cerca de 17% ao ano. E esse aumento das exportações ocorreu com elevação constantemente crescente das compras externas, com taxa média anual de 21,1%, praticamente no mesmo patamar do aumento das exportações.
Nosso comércio exterior teve efeitos bastante positivos nas contas externas, com o superávit comercial acumulado entre 2003 e 2007 alcançando US$ 189 bilhões, contribuindo para que as reservas internacionais chegassem a US$ 180 bilhões no início deste ano, ajudando assim a reduzir, de forma decisiva, a vulnerabilidade externa.
Ao mesmo tempo, o desempenho do comércio exterior, além dos recordes, revelou avanços qualitativos no perfil das vendas e das compras, com as exportações mantendo o processo de diversificação de produtos, de regiões produtoras e de mercados de destino.
Em 2007, as exportações apresentaram a seguinte distribuição: 25,2% para a União Européia, 22,7% para os países da Aladi, 15,8% para os EUA, 15,5% para os países asiáticos, 5,3% para a África, 4,% para o Oriente Médio e 11,6% para os demais destinos. Isso mostra que somos um exportador global, com ampla diversificação de mercados, sem depender de compradores específicos -fator fundamental para se reduzir o risco de que crises afetem de forma significativa as exportações.
Também nas importações não dependemos de um fornecedor específico, com as compras bem distribuídas entre os principais blocos econômicos em 2007: 25,4% vieram da Ásia, 22,2%, da União Européia, 17,1%, da Aladi, 15,7%, dos EUA, 9,4%, da África, 2,7%, do Oriente Médio, e 7,7% vieram de outras origens.
Uma avaliação do valor agregado evidencia a diversificação das exportações: 65,8% são produtos industrializados (dos quais 13,6% são semimanufaturados e 52,3% são manufaturados) e 32,1% são básicos.
Nas importações, os bens de consumo são apenas 13,3% do total. As demais categorias, de vinculação direta com a atividade produtiva, apresentaram taxas de expansão muito semelhantes: 32,4% para bens de capital, 31,6% para combustíveis e 30,7% para matérias-primas e intermediários.
Pelo comportamento de nossa corrente comercial nos últimos anos, em especial em 2007, prevê-se, para este ano, perspectivas promissoras.
Para os especialistas, o comércio mundial continuará crescendo, mantendo aquecida a demanda e as cotações de nossas principais commodities exportadas. A demanda por produtos manufaturados e semimanufaturados também deverá continuar se elevando.
Assim, nossas exportações deverão crescer acima da média mundial, prevendo-se o mesmo para as importações, que continuarão a crescer mais que as exportações. Sem dúvida, nossa corrente de comércio ultrapassará os US$ 300 bilhões.
As importações devem preservar seu perfil básico, com prioridade para a compra de bens intermediários e de capital, matérias-primas e combustíveis, o que tem contribuído para reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade da indústria, além de gerar reflexos positivos para o controle da inflação.
A continuidade da expansão das compras de bens de capital também está diretamente relacionada à forte elevação do investimento.
Claro que manter um cenário positivo para o comércio exterior pressupõe enfrentar desafios importantes. Internamente, precisamos de um grande esforço de desburocratização, de muitos investimentos em inovação e na maior eficiência logística. No âmbito externo, precisamos continuar a consolidar mercados, manter o esforço negociador e abrir novos destinos para as exportações.
Mas, para atingir esses resultados, de nada valerá o esforço do governo, pois o fundamental são as iniciativas do exportador brasileiro, que precisa continuar a desbravar mercados e agregar mais valor às exportações.
Essa conjunção de esforços tem permitido o desempenho vigoroso do nosso comércio exterior e mantido a confiança nas expectativas para 2008.


MIGUEL JORGE , 62, jornalista, é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

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