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Divisão boliviana
ATÉ O MOMENTO , ao invés de
pacificar as forças em disputa e aprofundar a institucionalização democrática, o
referendo para aprovação da nova Constituição boliviana teve
como consequência uma nova
radicalização no país.
Os resultados parciais indicam
que o texto foi aprovado com cerca de 60% dos votos. Mas os departamentos bolivianos mais ricos votaram majoritariamente
contra a Carta. Permanece a divisão entre essas unidades e a região andina, de maioria indígena,
apoiadora de Morales.
Morales teve uma vitória mais
modesta do que desejava. A oposição mais radical foi derrotada
com uma votação que, a despeito
das denúncias de uso da máquina, foi inequívoca.
Mas os ânimos permanecem
exaltados. Parte disso decorre do
texto aprovado. Com 411 artigos,
ele limita o tamanho de propriedades, dá direitos desiguais a indígenas e não-indígenas -a favor dos primeiros- e abre caminho para a politização da Justiça.
Parte importante da nova
Constituição ainda deve ser regulamentada. Esse processo dominará a agenda política no país
até as eleições de dezembro. Seria uma oportunidade para o
aperfeiçoamento do texto na
norma infraconstitucional. Mas,
a julgar pela animosidade, o espaço para o consenso se estreita.
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