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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Oração pela paz
Diante da invasão do Iraque e
das atrocidades da guerra, sinto a
necessidade de intensificar a oração,
unido à multidão dos que rezam pela
paz.
Nossa confiança está em Deus, que
pode converter o coração humano. O
que é inatingível por nossa força é possível para Deus. Os insistentes apelos
em favor do bom senso e do diálogo, a
mediação da ONU, as iniciativas diplomáticas e as manifestações populares em todo o mundo não conseguiram evitar o gravíssimo conflito armado. Conservaremos na memória a firme e constante exortação do Papa
João Paulo 2º aos governantes a fim de
que afastassem o horror da guerra.
Mesmo assim, começaram os bombardeios, que, dia após dia, vão causando mais mortes e destruindo as cidades iraquianas. Tudo isso nos deixa
diante do mistério do mal e da perversidade do coração humano, que se
deixa dominar pela ambição, pela raiva e pelo ódio.
Precisamos nos voltar para Deus e
pedir a Ele que ilumine a nossa consciência e nos ajude a reconhecer nossa
co-responsabilidade com a violência,
com a injustiça e com o pecado. Também nós participamos da desordem
que reina no mundo pelas nossas
ofensas e omissões. A soma de todas
essas faltas veio gerando um mundo
fratricida. As pessoas se oprimem e se
destroem. Cada um de nós tem sua
parcela de culpa. A guerra não acontece por acaso. Ela é o fruto de uma conivência com o mal em nosso íntimo.
Assim, para impedir a guerra ou abreviá-la, é necessário ir às suas raízes e
eliminar o pecado em nosso coração.
A oração pela paz começa pelo arrependimento das próprias faltas.
Quantas vezes acalentamos em nossa
consciência a inimizade, a rejeição dos
outros, o espírito de vingança, ofendendo assim a Deus e ao próximo. É
essa atitude que promove a cobiça de
riquezas e a luta pelo poder, causando
conquistas pela força, sem nenhum
freio ético. É assim que estamos presenciando o triste espetáculo de pseudo motivações que levam ao desrespeito dos acordos internacionais e
acabam por violar de modo covarde
os direitos fundamentais da pessoa.
Ninguém tem o direito de lançar centenas de mísseis sobre uma nação em
nome da liberdade.
A oração humilde diante de Deus há
de abrir-nos ao reconhecimento da
dignidade de cada pessoa.
Com a graça divina, somos capazes
de resistir à solicitação do mal.
É pela oração que aprendemos a sintonizar o coração com a vontade de
Deus que nos ama e quer nosso bem.
Ao entrarmos em união com Deus,
compreendemos sempre mais o valor
da vida humana, a lição do amor e a
força que nos dá para pagarmos o mal
com o bem.
A guerra precisa terminar, mas temos de pedir a Deus que nos ajude a
vencer o pecado que há em nós. Procuremos examinar nosso procedimento e arrependermos-nos das graves desordens, injustiças e ofensas cometidas por nós e pela humanidade
nos dias de hoje.
Não basta conseguir o silêncio dos
canhões e dos mísseis. É necessário fazer que nunca mais voltem a funcionar.
Interceda por nós a Mãe de Deus e
nossa. É hora de rezar pela paz. Tudo o
que pedirmos ao Pai em nome de Jesus, Ele nos concederá.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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