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CLÓVIS ROSSI
Ópera-bufa na republiqueta
SÃO PAULO - A republiqueta Brasil viveu, na segunda-feira, um de seus
dias de glória com a encenação de
uma tenebrosa ópera-bufa.
Começou com o presidente de um
importante banco público, Jorge
Mattoso, confessando ter praticado
um crime. Mais: esperou a noite cair
para correr, como serviçal ávido da
corte, a levar o resultado do crime a
seu superior hierárquico, o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci, que supostamente se beneficiaria do crime,
desmoralizando seu acusador.
Mattoso ainda tem a cara-de-pau
de dizer que atuou "nos estritos limites da legalidade". Não lembra, caro
leitor, o ex-diretor do Banco do Brasil
Ricardo Sérgio de Oliveira, pilhado
em gravações telefônicas durante o
processo de privatização das teles, dizendo que estavam atuando "no limite da irresponsabilidade"?
Dá para entender por que tucanos e
petistas se odeiam: são irmãos siameses, e seus conflitos se dão no faroeste
das zonas fronteiriças.
E ainda vem o líder do governo no
Senado e pré-candidato ao governo
de São Paulo, Aloizio Mercadante,
adicionar sua dose de cinismo e descaramento para dizer que Palocci e
Mattoso tiveram a "grandeza" de pedir demissão. "Os que estavam envolvidos nesse episódio tiveram a grandeza também de reconhecer a gravidade do erro e pedir o afastamento",
disse o líder lulo-petista.
Que grandeza uma ova, cara pálida. Tiveram, isto sim, a desfaçatez de
cometer um crime e ainda escondê-lo
durante 11 dias, enquanto não aparecia alguém com a "grandeza" para
assumir o que Mercadante chama de
"erro", na típica novilíngua petista,
mas é crime.
Só falta agora o presidente da republiqueta vir a público para dizer que
foi de novo traído, que seu partido foi
de novo desmoralizado e que ele, de
novo, não sabia de nada.
São ou não cenas explícitas de republiqueta bananeira?
@ - crossi@uol.com.br
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