|
Próximo Texto | Índice
EDITORIAIS
A POLÍTICA E A REFORMA
É praticamente um consenso
que a legislação eleitoral brasileira se tornou um amálgama de normas e resoluções nem sempre coerentes entre si. Não é uma situação
que favoreça o aumento da credibilidade nos partidos políticos, aspecto
essencial para o bom funcionamento
da democracia. Poucos contestam a
oportunidade de uma reforma política no país.
A esse propósito, é elucidativo o comentário que o presidente Fernando
Henrique Cardoso fez sobre a resolução do Tribunal Superior Eleitoral
que instituiu a verticalização das coligações eleitorais: "Isso eu acho muito bom. Nós sempre falamos de reforma política e, de repente, essa reforma começa a ser feita".
A asserção presidencial mereceria
aplausos se a reforma estivesse sendo levada a cabo no foro apropriado,
que é o Parlamento. São os deputados federais e os senadores que têm
legitimidade para aperfeiçoar as regras eleitorais brasileiras.
De resto, é importante lembrar que
a reforma política, ainda que seja
condição necessária, não é suficiente
para lançar o país a mais elevados patamares de democracia. A melhoria
de certos hábitos políticos está além
do alcance de golpes de caneta.
Isso não isenta o Poder Legislativo
de procurar criar instrumentos legais
que levem os partidos a ganhar materialidade, isto é, a tornar-se verdadeiras agremiações políticas, e não
apenas siglas mais ou menos vazias
que políticos trocam segundo as
suas conveniências.
A tarefa não é, evidentemente, simples. É preciso reforçar, por exemplo, a fidelidade partidária. É preciso
criar normas que alterem o jogo partidário de modo a fazer com que seja
do interesse dos políticos pertencer a
um partido que tenha credibilidade,
o que implica, obviamente, obedecer
às determinações da legenda quando
elas existam.
Não é um processo trivial nem será
realizado num piscar de olhos. Mas é
preciso iniciá-lo. E no lugar certo,
que é o Congresso Nacional.
Próximo Texto: Editoriais: LE PEN E A DEMOCRACIA Índice
|