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MENEM CONTRA KIRCHNER
Pela primeira vez na história,
uma eleição presidencial na Argentina será decidida no segundo
turno. Nenhum dos pleiteantes, no
domingo, conseguiu superar a marca dos 25% dos votos. A fragmentação da preferência do eleitorado foi a
principal característica do escrutínio
do qual emergiram Carlos Menem e
Néstor Kirchner. Apesar de serem do
mesmo partido, o peronista, o significado das duas candidaturas finalistas não se confunde.
Menem (24% dos votos) presidiu a
Argentina de 1989 a 1999. Foi o responsável por um programa econômico que privatizou praticamente tudo e que atrelou o valor do peso ao do
dólar. Ao custo do aumento do desemprego e da desigualdade social, o
desempenho da economia argentina
foi razoável até meados da década
passada. A partir da crise do México
(no final de 1994), iniciou-se uma fase de altos e baixos que culminou na
depressão de 1999-2002, quadriênio
em que o PIB declinou mais de 18%.
A política econômica implantada por
Menem e endossada por seu sucessor, Fernando de la Rúa, esteve na
origem da "débâcle".
Outra marca indelével da gestão
Menem foram os escândalos. Vinte e
três altos funcionários de seu governo enfrentam processos judiciais por
corrupção. O ex-presidente, vale
lembrar, esteve sob prisão domiciliar
em 2001, acusado de envolvimento
num caso de contrabando de armas.
O adversário de Menem, Néstor
Kirchner (22% dos votos), ainda tem
pouca expressão nacional. Governador da Província de Santa Cruz, foi
alçado ao segundo turno, em boa
medida, graças a seu padrinho político, o presidente Eduardo Duhalde
-cujo prestígio, se não é vigoroso,
segue em recuperação pelo fato de
ter logrado exercer sem traumas profundos um delicado papel na transição política e econômica por que
passa o país desde o final de 2001.
Fator decisivo para o pleito de 18 de
maio próximo será, sem dúvida, o
comportamento da rejeição a Menem. Será como um plebiscito para
saber se os argentinos renovam suas
apostas num grupo político que dominou durante uma década a Casa
Rosada ou se, exorcizando esse passado, partem para uma renovação,
embora de resultados imprevisíveis.
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