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AINDA SOB RISCO
A política macroeconômica
brasileira tem obtido relativo
êxito no aumento do superávit fiscal,
melhora no perfil da dívida pública
(queda dos títulos indexados à taxa
de câmbio), redução na relação entre
a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) e menor vulnerabilidade
externa. O país, no entanto, persiste
muito sensível aos efeitos de aumentos na taxa de juros dos EUA, de acordo com a agência americana de risco
de crédito Standard & Poor's.
A agência reconhece que choques
no mercado financeiro internacional
teriam impactos diferenciados nos
diversos países emergentes. O Brasil
estaria ao lado da Hungria, Filipinas,
Turquia e Jamaica, entre os mais vulneráveis aos movimentos de alta dos
juros americanos. Isso porque o elevado estoque da dívida externa e da
dívida pública interna sofreriam os
impactos da elevação dos juros e da
desvalorização da moeda brasileira.
Nesse contexto, a agência de risco
não acenou com a possibilidade de
melhorar a nota do Brasil à categoria
de "investment grade". O elevado patamar da relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, em torno
de 51%, acima da média dos emergentes, sanciona a nota BB- para o
país, que coloca seus papéis na categoria de investimento especulativo,
ainda com elevado risco.
Os mercados de títulos de dívida
dos países emergentes, entretanto,
continuam acusando a entrada de recursos, mesmo após a taxa de juros
de curto prazo dos EUA ter sido elevada para 3% ao ano em maio. O movimento recente parece refletir a saída de capitais de fundos de empresas
norte-americanas consideradas de
alto risco e sua entrada em papéis de
emergentes. De certa forma isso indica que a melhora das contas externas desses países anima os investidores internacionais. Na sexta, o
banco Merryll Lynch deu um estímulo a essa tendência ao elevar os títulos
da dívida brasileira de "na média"
para "acima da média".
Porém, países endividados, como o
Brasil, não podem esquecer que o
comportamento dos mercados, hoje
favorável, é volátil. Nesse sentido, o
alerta da Standard & Poor's reafirma
a necessidade de persistir na diminuição da dependência externa. O
país deve zelar pelos elevados saldos
comerciais, implementar políticas
de comércio exterior para melhorar a
pauta das exportações e trabalhar para que a atual combinação de juros
altos e câmbio valorizado possa ser o
quanto antes reequilibrada.
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