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DESASTRE POLÍTICO
O naufrágio do que seria
uma "coalizão" com o PMDB
para governar o país, poucos dias depois de o presidente da República ter
prometido ministérios e posado ao
lado de caciques do partido, evidencia mais uma vez o desastre da articulação política do governo e sua inépcia quando se trata de tomar decisões
importantes em tempo adequado.
Desorientado e lento, o Planalto
deixa-se atropelar pelos acontecimentos, como ocorreu na queda do
ministro José Dirceu, e encontra
enormes dificuldades para definir
seus rumos. Acaba, dessa forma, por
descontentar a todos.
Em meio ao agravamento das suspeitas sobre o "mensalão", com novos indícios acerca da atuação do publicitário Marcos Valério, o presidente Lula segue carregando na Coordenação Política um ministro tecnicamente "morto" para a função -enquanto ele próprio comete equívocos. Foi o caso da expectativa criada
com o almoço de sexta-feira no Planalto, no qual o primeiro mandatário recepcionou o presidente do
PMDB, Michel Temer, e o do Senado
Federal, Renan Calheiros.
Atraíram-se as atenções da mídia e
sinais foram emitidos dando conta
de que um amplo acordo com a legenda estava por acontecer. Mas não
tardou para que governadores e líderes do PMDB recusassem a oferta,
enterrando a "coalizão". Antes de expor-se ao fiasco, o presidente Lula
precisaria ao menos ter obtido mais
garantias sobre as perspectivas da
negociação com o PMDB. O terreno
deveria ter sido mais bem preparado,
certificando-se o Planalto das reais
condições para um entendimento.
Às vezes tem-se a impressão de que
Lula acredita que sua figura e suas
palavras possuem poderes encantatórios, capazes de transformar a realidade sem a necessidade de que nela
se exerça a ação humana do trabalho.
Faltou, nesse episódio, como tem
faltado em outros, o esforço articulador de uma inteligência política, algo
que, definitivamente, o governo petista não possui.
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