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FERNANDO RODRIGUES
Descontrole quase total
BRASÍLIA - Propaga-se em Brasília que Lula tomou pé da situação. O
presidente estaria ciente da gravidade da crise do "mensalão". Segundo
essa visão chapa-branca, o petista
constrói com êxito um cordão sanitário para autoblindar-se da lama derramada por aliados.
Trata-se de uma interpretação
edulcorada da realidade. Basta andar meia hora pelos corredores do
Congresso, assistir ao "Jornal Nacional" ou freqüentar as calçadas movimentadas das capitais para perceber
que o escândalo do "mensalão" continua incontrolável. Os humoristas
de "Pânico" e "Casseta & Planeta"
falam sem a menor cerimônia da
"roubalheira em Brasília". E Lula
sempre lá. De forma pictórica, mas
freqüente. É devastador.
São patéticos os esforços do Palácio
do Planalto para dizer que as instituições investigam as acusações com
rigor. Tudo o que apareceu até hoje
se deve a esforços de jornalistas. Não
se tem notícia de algo importante revelado pelo ministro da Justiça ou pelo controlador-geral da União.
Ontem, a CPI dos Correios recebeu
um requerimento de informações endereçado ao Palácio do Planalto:
quer o disquete contendo todos os
cargos federais de livre nomeação, o
nome do indicado e do(s) seu(s) padrinho(s). É zero a chance de o furor
investigatório de Lula permitir que
algo parecido seja fornecido.
Na área política, o presidente coleciona erro atrás de erro. Ofereceu aumentar de dois para quatro o número de ministérios para o PMDB. Posou para fotos com Renan Calheiros e
Michel Temer no Palácio do Planalto. Humilhação suprema. Já na saída, Temer dizia ser muito difícil aceitar a proposta de Lula.
O descontrole só não é total porque
algumas ameaças de governistas a
quem sabe das coisas estão surtindo
efeito. Para sorte geral, nem sempre
os amigos de Lula conseguem chegar
na hora certa a todos os locais.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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