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O FÁCIL E O DIFÍCIL
A Sondagem Conjuntural da
Indústria de Transformação,
divulgada pela Fundação Getúlio
Vargas, detecta um ânimo mais favorável dos empresários do setor industrial brasileiro. Se o quadro ainda
é marcado por dificuldades, reúnem-se indícios de que a recuperação cíclica da economia, esperada após um
ano de restrições e crescimento negativo, ganha vigor e dinamismo. É o
que sugerem alguns dados do levantamento, que abrangeu 945 empresas em 24 Estados do país.
A situação dos negócios foi considerada boa por 33% das companhias
consultadas e fraca por 11% delas.
Foi o melhor resultado para esse
item desde abril de 1995, quando
41% avaliaram a situação como boa e
6% como fraca. Os empresários também se mostram mais animados no
que tange à adequação dos estoques,
à propensão a contratar no terceiro
trimestre e à expectativa sobre o fortalecimento da demanda. A sondagem mostrou, ainda, aumento do
uso da capacidade instalada da indústria, que se encontra, em média,
em 84,2%, o patamar mais expressivo desde outubro de 1997.
Os empresários industriais estão
confiantes na evolução dos negócios
no segundo semestre: 59% deles prevêem melhora na comparação com o
mesmo período do ano passado - e
apenas 5% acreditam em piora. Salvo mudanças drásticas e imprevistas,
parecem, portanto, asseguradas as
condições para que se alcance neste
ano o crescimento, esperado pelos
analistas, de 3,5% a 4% do PIB.
O otimismo que emerge da sondagem, porém, está enraizado no que
se poderia chamar de a etapa "fácil"
da reativação econômica, aquela que
ocorre sobre uma base deprimida,
como a de 2003, com forte ênfase nas
exportações em contraste com um
mercado interno ainda fraco, com tímidos sinais de melhora.
A etapa difícil é a da criação de condições para que a expansão não esbarre na carência de investimentos e
nos gargalos de infra-estrutura, num
quadro -deseja-se- de aumento
da demanda interna, recuperação da
renda e queda do desemprego.
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