|
Próximo Texto | Índice
CRÉDITO E JUROS
O Banco Central divulgou suas
razões para a manutenção da
taxa de juros básica em 18% ao ano.
Um dos aspectos que determinaram
a decisão foram os possíveis impactos da desvalorização cambial nos
índices de preços. As expectativas de
inflação se elevaram para 6,4%, em
2002, e para 4,6%, no ano que vem.
Em outro documento divulgado
ontem, o BC descreveu as condições
gerais do crédito, que estiveram associadas, de um lado, a um rigor
maior na cessão de empréstimos por
parte das instituições financeiras locais e, do outro, à redução das linhas
externas ao Brasil. O crescimento
nas operações decorreu basicamente
dos financiamentos do BNDES. Nos
primeiros sete meses do ano, os desembolsos do banco estatal totalizaram R$ 16,1 bilhões, um aumento de
36,5% sobre o mesmo período do
ano anterior. Já os empréstimos e financiamentos destinados a pessoas
físicas se retraíram.
O nível de inadimplência caiu. Os
recursos do FGTS e da restituição do
Imposto de Renda foram utilizados
para saldar dívidas. Por seu turno, as
taxas de juros tiveram ligeiro aumento, atingindo 43% ao ano no segmento de pessoas jurídicas e 74,9%
ao ano para pessoas físicas. Chega a
ser espantosa a capacidade de empresas e famílias de "sobreviverem"
economicamente num ambiente de
tamanha restrição creditícia.
Se as pressões no mercado cambial
foram importantes para a decisão do
Copom, as negociações do BC com o
FMI e com os bancos internacionais,
bem como a melhoria nas contas externas, propiciam um ambiente favorável à reversão das expectativas
pessimistas no mercado financeiro.
Esse contexto de estabilização das
expectativas pode permitir a redução
da taxa de juros básica e, portanto, a
utilização do viés de baixa definido
na última reunião do Copom.
O momento pode ser fugidio, e o
Banco Central não deveria perder essa oportunidade. A circulação de dinheiro de forma menos onerosa em
moeda doméstica é crucial para estimular a atividade econômica, seriamente debilitada.
Próximo Texto: Editoriais: SINAIS DE AÇÃO Índice
|