São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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CRÉDITO E JUROS

O Banco Central divulgou suas razões para a manutenção da taxa de juros básica em 18% ao ano. Um dos aspectos que determinaram a decisão foram os possíveis impactos da desvalorização cambial nos índices de preços. As expectativas de inflação se elevaram para 6,4%, em 2002, e para 4,6%, no ano que vem.
Em outro documento divulgado ontem, o BC descreveu as condições gerais do crédito, que estiveram associadas, de um lado, a um rigor maior na cessão de empréstimos por parte das instituições financeiras locais e, do outro, à redução das linhas externas ao Brasil. O crescimento nas operações decorreu basicamente dos financiamentos do BNDES. Nos primeiros sete meses do ano, os desembolsos do banco estatal totalizaram R$ 16,1 bilhões, um aumento de 36,5% sobre o mesmo período do ano anterior. Já os empréstimos e financiamentos destinados a pessoas físicas se retraíram.
O nível de inadimplência caiu. Os recursos do FGTS e da restituição do Imposto de Renda foram utilizados para saldar dívidas. Por seu turno, as taxas de juros tiveram ligeiro aumento, atingindo 43% ao ano no segmento de pessoas jurídicas e 74,9% ao ano para pessoas físicas. Chega a ser espantosa a capacidade de empresas e famílias de "sobreviverem" economicamente num ambiente de tamanha restrição creditícia.
Se as pressões no mercado cambial foram importantes para a decisão do Copom, as negociações do BC com o FMI e com os bancos internacionais, bem como a melhoria nas contas externas, propiciam um ambiente favorável à reversão das expectativas pessimistas no mercado financeiro. Esse contexto de estabilização das expectativas pode permitir a redução da taxa de juros básica e, portanto, a utilização do viés de baixa definido na última reunião do Copom.
O momento pode ser fugidio, e o Banco Central não deveria perder essa oportunidade. A circulação de dinheiro de forma menos onerosa em moeda doméstica é crucial para estimular a atividade econômica, seriamente debilitada.


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