São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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SINAIS DE AÇÃO

Vão multiplicando-se os sinais de que os EUA se preparam para uma ação militar contra o Iraque. Embora não haja indícios de que uma guerra seja iminente, Washington reforçou nos últimos dias sua posição antiiraquiana.
O vice-presidente Dick Cheney, representante da linha-dura do governo Bush, fez um discurso forte. Afirmou não ter dúvidas de que Saddam Hussein possui armas de destruição de massa e de que o ditador iraquiano pretende usá-las contra os EUA. Justificou, assim, a realização de um ataque preventivo ao Iraque.
A Casa Branca também anunciou que assessores jurídicos do presidente George W. Bush chegaram à conclusão de que ele não necessita de autorização do Congresso para lançar um ataque contra Saddam Hussein. Segundo os advogados do presidente, ele está autorizado a agir tanto pela resolução do Congresso de 1991 que aprovou a Guerra do Golfo como pela resolução de 14 de setembro de 2001 que permite o uso de forças militares contra o terrorismo.
Ambas as advertências vêm poucos dias depois de uma nova pesquisa ter indicado que caiu um pouco o apoio dos norte-americanos a uma ação militar contra o Iraque. Hoje, 53% são favoráveis ao envio de soldados ao Iraque; em junho, esse número era de 61%, e, em novembro, de 74%. De modo análogo, a popularidade do presidente Bush está em queda. Depois de ter chegado a 90% em setembro de 2001, logo após os atentados, ela vem se reduzindo lenta mas continuamente. Hoje, está em 65%.
Resta saber se Bush vai se conformar com essa redução de popularidade ou se vai tentar um truque qualquer para fazer com que volte a subir. E a forma mais antiga e eficiente de conquistar rápido apoio da população é lançar-se numa aventura contra inimigos externos, reais ou não.
O mais lamentável na hipótese de os EUA se atirarem numa guerra contra o Iraque é que o mundo inteiro correrá sério risco de sofrer com uma recessão agravada apenas porque o belicismo convém à agenda do presidente norte-americano.


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