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São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2003

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MARCELO BERABA

Investigação transparente

RIO DE JANEIRO - Não adianta o governo garantir que vai fazer uma investigação do acidente com o VLS em Alcântara "com o rigor e a rapidez necessários". O que os cientistas e familiares dos mortos exigem, e a sociedade espera, é uma apuração independente, fora do âmbito do programa e dos militares.
Na carta que o presidente da SBPC, Ennio Candotti, enviou a Lula é sugerido que a presidência da comissão técnica responsável pelas investigações seja entregue a um cientista "de indiscutível competência e de inquestionável rigor ético".
Parece lógico. O acidente com o ônibus espacial Columbia, da Nasa, em 1º de fevereiro, foi investigado por uma comissão especial independente. Ela apontou falhas no programa que dificilmente uma junta formada apenas por funcionários da entidade poderia apontar. As investigações mostraram, além das causas técnicas, problemas graves no programa espacial, como falta de rigor em procedimentos de segurança, terceirização de serviços, cortes de verbas e de pessoal e uma "cultura de autoproteção excessiva" dentro da Nasa.
Alcântara, infelizmente, levantou dúvidas sobre o programa brasileiro que vão além das falhas que provocaram a explosão. O projeto todo ainda é cercado de segredos (e as dificuldades que a imprensa teve e está tendo para obter informações são uma prova disso) que já não se justificam.
O governo deveria se preocupar agora com a transparência. O que está em jogo não é apenas a causa imediata do acidente, mas o próprio programa espacial e seu entorno de pesquisas científicas e avanços tecnológicos. A indicação de uma comissão de investigação independente será uma prova de respeito aos 21 mortos e pode devolver ao programa a credibilidade e a confiança momentaneamente abaladas.


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