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MARCELO BERABA
Investigação transparente
RIO DE JANEIRO - Não adianta o governo garantir que vai fazer uma investigação do acidente com o VLS em
Alcântara "com o rigor e a rapidez
necessários". O que os cientistas e familiares dos mortos exigem, e a sociedade espera, é uma apuração independente, fora do âmbito do programa e dos militares.
Na carta que o presidente da SBPC,
Ennio Candotti, enviou a Lula é sugerido que a presidência da comissão
técnica responsável pelas investigações seja entregue a um cientista "de
indiscutível competência e de inquestionável rigor ético".
Parece lógico. O acidente com o
ônibus espacial Columbia, da Nasa,
em 1º de fevereiro, foi investigado por
uma comissão especial independente. Ela apontou falhas no programa
que dificilmente uma junta formada
apenas por funcionários da entidade
poderia apontar. As investigações
mostraram, além das causas técnicas, problemas graves no programa
espacial, como falta de rigor em procedimentos de segurança, terceirização de serviços, cortes de verbas e de
pessoal e uma "cultura de autoproteção excessiva" dentro da Nasa.
Alcântara, infelizmente, levantou
dúvidas sobre o programa brasileiro
que vão além das falhas que provocaram a explosão. O projeto todo ainda
é cercado de segredos (e as dificuldades que a imprensa teve e está tendo
para obter informações são uma prova disso) que já não se justificam.
O governo deveria se preocupar
agora com a transparência. O que está em jogo não é apenas a causa imediata do acidente, mas o próprio programa espacial e seu entorno de pesquisas científicas e avanços tecnológicos. A indicação de uma comissão
de investigação independente será
uma prova de respeito aos 21 mortos
e pode devolver ao programa a credibilidade e a confiança momentaneamente abaladas.
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