São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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OPORTUNIDADE

O Conselho Monetário Nacional terá hoje a oportunidade de dar um alento à atividade econômica no Brasil -cujo ímpeto de recuperação foi recentemente prejudicado pela decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros e sinalizar que ela poderá sofrer elevações adicionais nos próximos meses.
Crescem os reclamos dos empresários do setor produtivo para que o CMN reduza de maneira significativa a taxa de juros de longo prazo (TJLP), que define o custo básico dos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O financiamento do investimento exige crédito de longo prazo, e o BNDES é a fonte quase exclusiva desse tipo de crédito na economia brasileira. Reduzir o seu custo representaria um estímulo relevante ao investimento.
Chega a ser irônico que a falta de investimentos seja um dos motivos invocados, dentro e fora do Banco Central, para defender a decisão de aumentar os juros. A lógica do argumento é tortuosa: dado o risco de que falte capacidade produtiva para atender a uma demanda que começa a crescer a uma velocidade mais razoável, recomenda-se limitar o dinamismo da demanda -por meio do encarecimento do crédito induzido pela elevação da taxa básica de juros- para evitar maiores pressões de alta sobre os preços.
É evidente que o oposto também poderia ser defendido: o crucial seria reforçar os estímulos ao investimento produtivo, inclusive por meio da redução do custo do crédito. Esse seria o sentido essencial da redução da TJLP, defendida inclusive pelo presidente do BNDES.
Está claro que não há consenso dentro do governo em relação à conveniência de reduzir a TJLP, e ainda mais em torno da intensidade de eventual redução. Cabe fazer votos de que, desta vez, o CMN mostre sensibilidade aos apelos justificados do setor produtivo.


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