A deterioração do estado de saúde do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, antecipa a disputa por sua sucessão. Os cenários incluem desde uma transição relativamente pacífica do poder para seus lugar-tenentes -o mais provável- até uma disputa acirrada e talvez violenta entre vários grupos pelo espólio do dirigente.
Até muito recentemente, Arafat era a autoridade inconteste dos palestinos. De algum tempo para cá, lideranças mais jovens vêm questionando a eficácia de sua administração e, principalmente, os altos níveis de corrupção de seu governo.
Dentro do grupo político de Arafat -o Fatah-, os mais cotados para sucedê-lo são o atual premiê, Ahmed Korei, e o anterior, Mahmoud Abbas. Ambos são vistos como herdeiros naturais e contam com força política própria. São também bem-aceitos por Israel e pelos EUA, que os consideram menos radicais e mais confiáveis do que Arafat. Contra os dois pesa o fato de serem da mesma geração do presidente e também enfrentarem problemas de saúde.
Na geração mais jovem, destaca-se Mohammed Dahlan, que foi chefe da segurança da ANP em Gaza e liderou os protestos contra a corrupção do governo. Não tem força na Cisjordânia, mas tem trânsito em Israel. Outra figura jovem popular é Marwan Barghouti, que já foi considerado um moderado, mas radicalizou suas posições. Poderá influir, mas cumpre pena de prisão perpétua em Israel. Também os grupos extremistas, como o Hamas e o Jihad Islâmico, devem tentar exercer algum papel, mas, no momento, se encontram acéfalos devido à política israelense de eliminar os seus chefes.
A eventual morte ou incapacidade de Arafat, em que pesem os riscos de convulsão que acarreta, poderá converter-se num alento para a retomada do processo de paz. Para que isso ocorra, porém, será necessário que os palestinos mostrem-se capazes de escolher e apoiar uma liderança representativa e moderada.


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