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CLÓVIS ROSSI
Maluquices made in USA
FILADÉLFIA - Não dá para entender como é que a maior potência do planeta, um país com uma baita criatividade, avançadíssima tecnologia,
algumas das melhores universidades
do mundo (e, por extensão, algumas
das melhores cabeças pensantes),
quilos de Prêmios Nobel etc., usa um
sistema eleitoral tão pró-confusão como é o caso norte-americano.
Essa história de Colégio Eleitoral
podia até fazer sentido quando foi
criado, há 200 e tantos anos.
Mas, agora, parece feita para desmoralizar o país, como ocorreu há
quatro anos. Há muitos indícios de
que pode ser pior ainda agora -a
menos que as pesquisas estejam equivocadas e um dos candidatos acabe
ganhando com certa folga.
Do contrário, cai-se no que a mídia
local chama de "margem de litígio"
-o paraíso para os advogados, mas
um pesadelo para todos os outros.
Só para lembrar, funciona assim: o
eleitor não elege diretamente o presidente, mas um Colégio Eleitoral de
538 integrantes, que, este sim, escolhe
o presidente. Mas o sistema de "o
vencedor-leva-tudo" faz com que, se
o presidente Bush tiver, na Califórnia, apenas um votinho a mais do
que o senador Kerry, ainda assim leva todos os 55 votos do Estado.
Esse modelo maluco permitiu que
Bush fosse eleito em 2000 embora Al
Gore tivesse a maioria popular.
Há uma segunda maluquice que é
o número par de membros do Colégio
Eleitoral, o que permite empate. Impossível? O jornal "Philadelphia Inquirer" de ontem fez as contas: se
Kerry ganhar onde Gore ganhou em
2000, menos no Novo México e em
Wisconsin, e Bush repetir suas vitórias, exceto em New Hampshire e
Ohio, bingo, dá empate. Ou seja, basta uma mudança em quatro dos 50
Estados mais Distrito de Columbia
(Washington) para o empate.
Aí quem decide é a Câmara dos Representantes, na qual se dá a terceira
maluquice. Cada Estado só tem um
voto, o da bancada majoritária. A
menos que os democratas recuperem
a maioria no dia 2, tarefa quase impossível, Bush leva de novo, mesmo
que perca no voto direto.
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