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RUY CASTRO
Ajuda das potestades
RIO DE JANEIRO - Confirmada a
vitória de Eduardo Paes para a Prefeitura do Rio na noite de domingo,
o carioca foi tratar da vida ou dormir mais cedo. Nada de aglomerações, Carnaval, fogos, nem mesmo
um churrasquinho de esquina -pelo menos, nas esquinas por que passei. O resultado da eleição era apenas o triunfo do óbvio.
A pasmaceira entre os eleitores
vitoriosos deu a entender que não
havia nenhuma empolgação extática por Eduardo Paes, assim como
nenhum forte sentimento anti-Fernando Gabeira. Daí as comemorações chochas, sem paixão, bem
diferentes do que seriam se tivesse
dado Gabeira -desde os caras-pintadas de 1992, não se via tanta euforia juvenil por um candidato.
Talvez por Gabeira ter sido quase
um anticandidato. Em sua campanha, ele parecia "sincero" nas propostas, cortês com o adversário,
empenhado em não sujar as ruas e,
pelo visto, não condicionava a vitória a golpes baixos ou ao velho cinismo eleitoral. Foi assim que os jovens o viram e o aprovaram. Podem
não ter sido suficientes para elegê-lo, mas deram um sinal claro de
que, nas próximas eleições, essa
adesão a candidatos "limpos", sejam quais forem, voltará mais forte.
É de se perguntar o que aconteceria se Gabeira tivesse vencido. A
festa nas ruas duraria até sua posse,
mas o "day after" desta seria terrível. Apesar de apostar numa relação
"republicana" com Lula e Sergio
Cabral, é quase certo que seria deixado a pão e banana por eles.
Daí se esperar que, sentado no
trono, Paes receba ajuda maciça das
potestades e possa implantar suas
promessas de campanha. Quero vê-lo, por exemplo, preservando os
predinhos da zona sul, que sustentam o que resta de identidade ambiental do Rio, contra as investidas
dos construtores e empreiteiras
que tanto contribuíram para a
sua vitória.
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