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ELIANE CANTANHÊDE
Muro intransponível
BRASÍLIA - O tempo corre a favor
do governo e contra a oposição, que
deve estar para lá de aflita com a
cristalização de uma diferença de
12 pontos nos votos válidos, conforme apurou o Datafolha.
É como se José Serra tivesse batido num muro de concreto, sem instrumentos para ultrapassá-lo. Sua
grande chance seria buscar o eleitor indeciso, que nunca foi de ninguém, ou que já foi de um, foi de outro e não sabe para onde correr. Mas
desse mato praticamente não sai
mais cachorro -ou voto.
Os indecisos caíram de 8% para
4%, e de forma homogênea em todos os estratos, apesar de levemente mais nítida no Sudeste, de 9%
para 4%. Desses cinco pontos, três
foram para Dilma (47% na região) e
dois para Serra (42%).
Um forte bloco que ainda poderia sacudir certezas é o do eleitorado de Marina Silva no primeiro turno, que também está se definindo
claramente na reta final. Os 14% de
indecisos nesse grupo caíram para
8%. Serra lucrou mais quatro pontos e foi para 48%. Dilma perdeu
três e está com 27%.
Mas os "marineiros" ainda refratários à polarização PT-PSDB -e,
portanto, decididos a votar branco/nulo- subiram seis pontos, de
12% para 18%. Um índice alto, e
não se pode descartar que muitos
mudem de ideia na última hora, seja para ratificar a vitória de Dilma,
seja para reequilibrar a disputa.
O debate de hoje à noite na Rede
Globo, o último e mais importante
de toda a eleição, deixa os dois lados em polvorosa. Dilma e Serra
têm de chegar passando segurança, com as respostas na ponta da
língua e, mais do que isso, sabendo
para quem estarão falando. Debates são para indecisos e para o eleitor não muito convicto. Servem ainda como derradeiro recurso para
chacoalhar votos brancos e nulos.
Com 12 pontos de diferença, porém, não dá para dizer que o debate
de hoje será "decisivo". É imperdível e pode até mudar votos, mas dificilmente mudará o resultado.
elianec@uol.com.br
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