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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Ouro e diamante

O seminário São José, na arquidiocese de Mariana (MG), viveu uma data muito especial: 27 de novembro, Dia Nacional de Ação de Graças. Essa foi a data escolhida para a festa de seis sacerdotes que completam 50 anos de sua ordenação: cônego Paulo Dilascio, cônego José Maria Becho, cônego Pedro Lopes, cônego Leandro Matheus, padre Vandick Gomes e padre José de Oliveira Valente. A esses, que celebram o jubileu de ouro, associaram-se o cônego Nelson Marotta e o padre Avelino Marques, comemorando o jubileu de diamante de vida sacerdotal.
O seminário de Mariana, fundado em 1750 por dom frei Manoel da Cruz, tem longa e benemérita história de preparação presbiteral e a glória de ser o estabelecimento de ensino mais antigo do Estado de Minas Gerais. Ao longo de quase três séculos, milhares de seminaristas receberam esmerada formação. Muitos foram ordenados sacerdotes, vários (49), mais tarde, foram escolhidos para o episcopado -entre os quais os cardeais Carlos Carmelo Motta e dom Lucas Moreira Neves e outros que servem a Deus nas mais diversas profissões.
Na manhã de 27/11, a capela do seminário estava repleta. Da celebração participavam membros do presbitério, padres de outras dioceses e os seminaristas. Dom Francisco Barroso e dom Hélio Heleno, de Caratinga, muito ligados aos jubilandos, concelebraram ao lado do arcebispo de Mariana. Familiares e amigos ocupavam o espaço da capela. Todos se uniram para louvar e agradecer a Deus pelo grande benefício da ordenação e do ministério desses irmãos homenageados. Cada um teria muito para contar a respeito de sua vida: alegrias, trabalhos, sofrimentos e vitórias. Lembremo-nos de que, há 50 anos, o exercício do ministério sacerdotal, especialmente nas pequenas cidades do interior, era sacrificado, com isolamento, pobreza e longas viagens a cavalo, sob sol e chuva, para atender as comunidades. Somente Deus pode conhecer a generosidade e a dedicação desses zelosos párocos, que percorrem capelas e povoados, levando a todos a palavra de Deus e os sacramentos e a solicitude do Bom Pastor.
Ouvimos depoimentos de rara beleza desses irmãos, profundamente identificados com a sua missão e sempre atentos em recordar que eram apenas servidores do Evangelho, referindo à proteção divina e ao auxílio maternal da Mãe de Deus todo o fruto do seu ministério. Era comovente o espetáculo desses sacerdotes, que, apesar da idade avançada, continuam, todos eles, ainda hoje exercendo o ministério com perseverança e alegria. Edificou-nos o cônego Nelson Marotta, que, com seus 86 anos de vida -60 como sacerdote-, está à frente de duas paróquias -Dores do Turvo e Silveirânia-, sempre disponível e feliz. O mesmo vale para seus companheiros, que vivem plenamente a missão presbiteral.
Nosso tempo cria entre os jovens hesitações e temores diante do futuro. Eis aí uma bela e estimulante lição, especialmente para os que procuram encontrar o sentido da vida. Uma menina condecorou sorrindo o cônego Paulo Dilascio, com medalha de ouro de pai e amigo das crianças e dos pobres. A homenagem vale para todos. O testemunho dos padres jubilares, agradecendo a Deus a própria vocação, faz acreditar ainda mais nos valores que revelam: a entrega total a Deus, o seguimento fiel a Jesus Cristo, o amor à Igreja, a dedicação aos mais pobres e a alegria de fazer o bem ao próximo.
Deus seja louvado!


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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