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LIÇÕES DA OMC
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) divulgou anteontem sua decisão final sobre a
disputa entre a empresa brasileira
Embraer e a canadense Bombardier a
propósito do mercado de aviões de
médio porte. A OMC confirmou seu
relatório preliminar de outubro de
2001 determinando que o governo do
Canadá retire subsídios de US$ 3,98
bilhões concedidos à Bombardier.
Com isso, está aberto o caminho
para que o Brasil consiga o direito de
retaliar comercialmente o Canadá no
valor dos subsídios concedidos por
este país à Bombardier.
Em 2000, o Canadá havia conseguido o direito de retaliar o Brasil em
US$ 1,4 bilhão. A OMC, então, considerou que o Proex (o programa brasileiro de apoio às exportações) propiciava à Embraer juros menores do
que os comercialmente aceitáveis.
A tendência, porém, é que ocorra
um acordo sobre o caso. A aplicação
de retaliações mútuas travaria o comércio entre os dois países, prejudicando setores e empresas sem nenhum envolvimento na disputa entre
Embraer e Bombardier.
Além de ser uma vitória diplomática para o Brasil, a decisão da OMC
traz boas lições sobre as possibilidades e os limites que tem um país em
desenvolvimento para fazer políticas
ativas de apoio a exportações e a setores industriais estratégicos.
Uma delas é a de que o tempo de
duração de um processo na OMC
permite que essas políticas dêem o
resultado desejado antes de uma
possível condenação. Hoje, a Embraer já conquistou um expressivo
lugar no mercado internacional e depende menos do Proex.
Outra é a de que o resultado pode
ser positivo mesmo quando a OMC
impõe limites em um programa, como ocorreu no caso do Proex. Por
fornecer recursos a fundo perdido, o
Proex custa caro. Uma estratégia
mais sistemática de apoio às exportações deveria dar prioridade a um fundo rotativo, que conceda financiamentos sem a necessidade de constantes aportes do Tesouro Nacional.
Assim, mais do que comemorar, o
governo brasileiro deve tomar a decisão da OMC como um ponto de partida para que o país volte a ter políticas modernas e transparentes, que
não repitam erros do passado, de incremento de sua estrutura industrial
e de sua pauta de exportações.
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