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PROTEÇÃO ESPIRITUAL
No dia 11 de setembro de 2001,
os EUA foram vítimas de uma
agressão inominável. Os ataques terroristas contra Nova York e Washington não encontram justificativa
moral por nenhum ângulo que se
analise. Mas, infelizmente, o presidente George W. Bush está se utilizando da posição de vítima para tentar justificar o injustificável.
O tratamento que os EUA vêm dispensando aos militantes do Taleban
e de Al Qaeda capturados no Afeganistão avilta o direito internacional.
Embora Bush tenha dito que poderá
reconsiderar o estatuto dado aos prisioneiros, ele deixou claro que em
nenhuma hipótese "assassinos" ficariam na condição de prisioneiros
de guerra, que são protegidos pelas
Convenções de Genebra.
O máximo que os cativos poderiam
obter é o reconhecimento como
combatentes irregulares, que recebem uma proteção mais fraca das
Convenções. Um prisioneiro de
guerra pode, por exemplo, recusar-se a responder a um interrogatório.
Um irregular, não. Bush disse que os
EUA poderão aderir ao "espírito das
Convenções de Genebra".
Os EUA já anunciaram que poderão julgar os militantes do Taleban e
de Al Qaeda em tribunais militares.
Há aí o reconhecimento tácito de que
eles são prisioneiros de guerra, ou a
corte marcial seria descabida.
A precariedade da posição americana é tamanha que vem sendo alvo de
críticas até por parte de países aliados, sem mencionar as organizações
de defesa dos direitos humanos.
Um país, por mais poderoso que
seja, não pode escolher quais trechos
dos tratados internacionais ele vai
respeitar. É fundamento básico do
Direito que os réus sejam julgados
segundo regras preestabelecidas, e
não que as regras sejam criadas conforme o tipo de criminoso que se
quer julgar. Quando isso acontece, é
porque a lei deu lugar à vingança.
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