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FERNANDO RODRIGUES
Um Estado forte
BRASÍLIA - Sai nos próximos dias
o valor torrado pelo governo Lula
em publicidade em 2008. A cifra ficará perto de R$ 1 bilhão. Os gastos
em patrocínio federal no ano passado já foram divulgados: bateram em
R$ 918 milhões.
Dois buracos negros ainda persistem nessa área. Não se sabe o volume aplicado em publicidade legal
(publicação de balanços) nem o
custo de produção das peças publicitárias. Esse último é um segredo
nunca revelado pelo governo nem
pelas agências acostumadas a mamar nas tetas generosas de Brasília.
A estimativa para as despesas com
publicidade não conhecidas gira em
torno de R$ 250 milhões a R$ 350
milhões por ano.
Tudo considerado, a administração federal consome anualmente,
por baixo, R$ 2,2 bilhões com ações
de propaganda e marketing. É dinheiro em qualquer lugar do mundo. A Unilever (dona de marcas como Kibon, Omo e Dove) gastou R$
1,75 bilhão com propaganda no ano
passado no Brasil.
É positivo o governo Lula divulgar, mesmo parcialmente, seus gastos publicitários. Permite aos brasileiros se indagarem se o país melhora, torna-se mais desenvolvido,
quando a Petrobras patrocina as camisas de futebol do Flamengo ou
bancos estatais financiam corridas
de rua. Ou se há ganho social quando o Planalto faz campanha na TV
para estimular o consumo durante
a atual crise econômica.
Lula esteve no Chile no fim de semana. Defendeu, mais uma vez,
"um Estado forte". O cerca de R$ 1
bilhão de patrocínio estatal para
cultura, esportes e outras áreas se
insere nessa ideologia lulista.
Pode-se argumentar que, em
muitos países industrializados, sobretudo europeus, o Estado financia a cultura. É verdade, mas em geral é dinheiro direto. Aqui, há a intermediação das estatais. Uma caixa preta da qual só conhecemos os
valores totais, nunca os detalhes.
frodriguesbsb@uol.com.br
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