|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Terror juvenil
RIO DE JANEIRO - Na semana
passada, em Diadema (SP), cinco
gangues de adolescentes marcaram
pelo Orkut um encontro num estacionamento no centro da cidade,
para demarcar seus territórios. Os
argumentos da negociação eram
porretes, tacos de beisebol e correntes. Houve uma briga envolvendo mais de cem jovens, reforçados
por adultos, resultando numa mulher ferida e num arrastão em que
foram agredidas pessoas que não tinham nada com a história.
Em São Sebastião, cidade satélite
do Distrito Federal, também na semana passada, uma escola foi sitiada pela guerra entre duas gangues
em torno de 15 de seus alunos, que
estariam jurados de morte. A instituição de ensino fica bem na divisa
entre os territórios das gangues. Na
quinta-feira, um estudante, talvez
um dos ameaçados, foi flagrado
dentro da escola com uma arma,
que ele teria comprado por R$ 300,
para "se defender".
No Itaim Bibi, zona oeste de São
Paulo, igualmente na semana passada, outro aluno foi apanhado em
sala de aula com um revólver calibre 38 dentro da mochila. O colégio,
cuja mensalidade é de R$ 1.600, está sendo pressionado pelos pais dos
outros estudantes, para quem o aluno armado deveria ser suspenso ou
expulso por colocar em risco a vida
dos colegas.
Fatos como esses estão ocorrendo todo dia, em toda parte, no Brasil. Você dirá que, nos EUA ou na
Alemanha, um garoto desequilibrado se mune de um arsenal, invade a
escola e fuzila dezenas, e que ainda
não chegamos a tal ponto. Pois, se
esse é o ponto crítico, temo que já o
tenhamos superado.
Cada um daqueles atiradores que
promovem o banho de sangue é um
indivíduo solitário, cujo caso seria
resolvido por um psiquiatra, dentro
ou fora do Pinel. Já nossos garotos
estão se organizando em quadrilhas
para exercer o terror. E as armas
também já começam a aparecer.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Um Estado forte Próximo Texto: Marina Silva: A nova tragédia de Santa Catarina Índice
|