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EXPURGOS À VISTA
Iniciou-se a fase de demonstração explícita de forças do núcleo
do governismo contra as manifestações internas de desacordo com a linha da gestão de Luiz Inácio Lula da
Silva. O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (SP), e o líder do
PT na Casa, Tião Viana (AC), solicitaram expressamente ontem, em reunião da bancada de senadores do
partido, o afastamento de sua colega
e correligionária Heloísa Helena (AL)
do partido. Porém, como não obtiveram o endosso de maioria da bancada, a deliberação foi adiada para daqui a 15 dias.
Na repercussão da notícia, os governistas certamente enfatizarão o
aspecto "a mensagem está dada",
procurando, pela força do exemplo,
inibir outras tentativas de rebeldia
mais volumosa no interior da bancada parlamentar petista.
Heloísa Helena participou de uma
reunião no Rio de Janeiro, neste fim
de semana, com Leonel Brizola
(PDT) e outro deputado petista. Desse encontro, saiu apoiando ações na
Justiça contra a propaganda do governo Lula na TV, que faz proselitismo da reforma previdenciária proposta pelo Executivo. Ao que consta,
o argumento de que a senadora não
teria dito que assinaria, de punho
próprio, um processo contra o governo dissuadiu a bancada de ministrar uma punição mais extrema ontem. Há quem considere, no entanto, que a saída da parlamentar do
partido já esteja definida, restando a
questão de como formalizá-la.
De todo modo, a mensagem a reter
dos acontecimentos recentes é a de
que a decisão de obter a unidade da
bancada, mesmo ao preço do expurgo sumário de descontentes, foi tomada pelo presidente da República.
Além da força bruta, o governo reservou respeitável quinhão do Orçamento, ainda não executado, e de
cargos na administração, ainda não
preenchidos, que poderão ajudar
nessa tarefa de "convencimento". O
mito de que o PT faria política de forma menos fisiológica e mais doutrinária e pluralista do que a média dos
partidos brasileiros pode estar próximo de ser totalmente desfeito.
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