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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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EXPURGOS À VISTA

Iniciou-se a fase de demonstração explícita de forças do núcleo do governismo contra as manifestações internas de desacordo com a linha da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e o líder do PT na Casa, Tião Viana (AC), solicitaram expressamente ontem, em reunião da bancada de senadores do partido, o afastamento de sua colega e correligionária Heloísa Helena (AL) do partido. Porém, como não obtiveram o endosso de maioria da bancada, a deliberação foi adiada para daqui a 15 dias.
Na repercussão da notícia, os governistas certamente enfatizarão o aspecto "a mensagem está dada", procurando, pela força do exemplo, inibir outras tentativas de rebeldia mais volumosa no interior da bancada parlamentar petista.
Heloísa Helena participou de uma reunião no Rio de Janeiro, neste fim de semana, com Leonel Brizola (PDT) e outro deputado petista. Desse encontro, saiu apoiando ações na Justiça contra a propaganda do governo Lula na TV, que faz proselitismo da reforma previdenciária proposta pelo Executivo. Ao que consta, o argumento de que a senadora não teria dito que assinaria, de punho próprio, um processo contra o governo dissuadiu a bancada de ministrar uma punição mais extrema ontem. Há quem considere, no entanto, que a saída da parlamentar do partido já esteja definida, restando a questão de como formalizá-la.
De todo modo, a mensagem a reter dos acontecimentos recentes é a de que a decisão de obter a unidade da bancada, mesmo ao preço do expurgo sumário de descontentes, foi tomada pelo presidente da República.
Além da força bruta, o governo reservou respeitável quinhão do Orçamento, ainda não executado, e de cargos na administração, ainda não preenchidos, que poderão ajudar nessa tarefa de "convencimento". O mito de que o PT faria política de forma menos fisiológica e mais doutrinária e pluralista do que a média dos partidos brasileiros pode estar próximo de ser totalmente desfeito.


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