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O MERCOSUL NAS URNAS
O futuro do Mercosul estará
em jogo no dia 18 de maio, segundo turno das eleições argentinas.
Não que o eleitor médio do país esteja preocupado diretamente com o tema, que isso seja um fator que vá influir em sua opção por um ou outro
candidato. Predominam, obviamente, as razões domésticas para o sufrágio. Mas é possível dizer que, para
quem deseja a continuidade do Mercosul, a hipótese da eleição de Carlos
Menem é bem mais ameaçadora do
que a da vitória de Néstor Kirchner.
Não é um disparate afirmar, inclusive, que existe uma polarização subterrânea a esse respeito: o Brasil, que,
com Luiz Inácio Lula da Silva, renovou suas fichas no projeto regional,
torcendo por Kirchner, e os Estados
Unidos, que não fazem questão de
esconder o seu desconforto com o
Mercosul, desejando que Menem se
sagre vencedor. Desde que esses desejos não se transformem em interferência no andamento do pleito argentino, eles refletem interesses legítimos de parte a parte.
No governo Menem foi cunhada e
celebrizada a expressão "relações
carnais" para designar a intenção do
então Executivo argentino de manter
ligação privilegiada com Washington. A julgar pelo que defende o principal assessor econômico do candidato, a idéia para um possível novo
governo Menem é radicalizar no alinhamento aos EUA.
Decerto a sinuosidade característica do "estilo Menem" de governar e a
própria dependência econômica argentina do mercado brasileiro -no
ano passado, só no comércio com o
Brasil, a Argentina obteve US$ 2,4 bilhões de saldo positivo- tendem a
refrear qualquer projeto mais radical
de desprezar o Mercosul.
Mesmo assim, o governo Lula, que
já lança as bases de uma inserção
mais ativa na América do Sul -mobilizando inclusive o BNDES- talvez precise reconsiderar a sua estratégia regional caso Menem saia vencedor do pleito de 18 de maio.
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