São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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FICA PARA DEPOIS

Ontem foi um dia de recuo das taxas no mercado futuro de juros. A razão maior parece ter sido a divulgação, pelo Banco Central (BC), da ata da reunião, realizada na semana passada, em que optou por manter a taxa de juros básica em 18,5% ao ano. A ata explicitou a avaliação de que a trajetória da inflação e da atividade econômica "recomendaria uma retomada do processo de flexibilização da política monetária".
No entanto, ainda não se formara um consenso entre os diretores do BC acerca do momento adequado para fazê-lo. Isso devido aos riscos ainda presentes -associados à alta da inflação, à alta do dólar e ao fato de que o mercado projeta, em média, inflação oficial em 2002 próxima de 5,5%, o máximo permitido pela política de metas de inflação. Segundo o BC, o elemento que faltaria para essa retomada seria "a confirmação da trajetória de queda da inflação".
O mercado financeiro interpretou a ata como sinal forte de que a taxa básica, estacionada desde 20 de março, cairá em 19 de junho. Sobretudo tendo em vista que a inflação efetivamente está em queda em maio.
O teor da ata justifica a reação. E esse movimento do mercado financeiro é positivo para as perspectivas da atividade econômica, pois tanto o custo do crédito como a disposição dos bancos de ofertá-lo são influenciados pelas cotações dos juros no mercado futuro. Talvez as operações de crédito, estagnadas desde outubro, comecem a se redinamizar nas próximas semanas.
A reação do mercado de juros à divulgação da ata não deve estar surpreendendo o BC. Por isso mesmo cabe indagar por que o BC não optou por introduzir um viés de baixa na taxa na semana passada -o que significaria autorizar o presidente do banco a reduzi-la a qualquer momento, antes de 19 de junho. Isso basicamente anteciparia em uma semana o movimento que ora se observa.
A despeito do atual entusiasmo do mercado, é claro que ainda há a possibilidade de que o BC, em junho, postergue novamente o corte dos juros. Depois de tantos adiamentos, mais um não poderia ser uma completa surpresa.


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