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FICA PARA DEPOIS
Ontem foi um dia de recuo das
taxas no mercado futuro de juros. A razão maior parece ter sido a
divulgação, pelo Banco Central (BC),
da ata da reunião, realizada na semana passada, em que optou por manter a taxa de juros básica em 18,5% ao
ano. A ata explicitou a avaliação de
que a trajetória da inflação e da atividade econômica "recomendaria
uma retomada do processo de flexibilização da política monetária".
No entanto, ainda não se formara
um consenso entre os diretores do
BC acerca do momento adequado
para fazê-lo. Isso devido aos riscos
ainda presentes -associados à alta
da inflação, à alta do dólar e ao fato
de que o mercado projeta, em média,
inflação oficial em 2002 próxima de
5,5%, o máximo permitido pela política de metas de inflação. Segundo o
BC, o elemento que faltaria para essa
retomada seria "a confirmação da
trajetória de queda da inflação".
O mercado financeiro interpretou a
ata como sinal forte de que a taxa básica, estacionada desde 20 de março,
cairá em 19 de junho. Sobretudo tendo em vista que a inflação efetivamente está em queda em maio.
O teor da ata justifica a reação. E esse movimento do mercado financeiro é positivo para as perspectivas da
atividade econômica, pois tanto o
custo do crédito como a disposição
dos bancos de ofertá-lo são influenciados pelas cotações dos juros no
mercado futuro. Talvez as operações
de crédito, estagnadas desde outubro, comecem a se redinamizar nas
próximas semanas.
A reação do mercado de juros à divulgação da ata não deve estar surpreendendo o BC. Por isso mesmo
cabe indagar por que o BC não optou
por introduzir um viés de baixa na taxa na semana passada -o que significaria autorizar o presidente do banco a reduzi-la a qualquer momento,
antes de 19 de junho. Isso basicamente anteciparia em uma semana o
movimento que ora se observa.
A despeito do atual entusiasmo do
mercado, é claro que ainda há a possibilidade de que o BC, em junho,
postergue novamente o corte dos juros. Depois de tantos adiamentos,
mais um não poderia ser uma completa surpresa.
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