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DUHALDE SOB PRESSÃO
Mais um capítulo da crise argentina se desenvolveu ontem. A central sindical CTA (Central
de Trabalhadores Argentinos) -que
reúne sobretudo servidores públicos,
e não está ligada ao tradicional sindicalismo peronista- comandou uma
greve nacional, que se somou a paralisações de produtores rurais e de
transportadores de cargas e foi
apoiada por grupos de desempregados e partidos de oposição.
As manifestações não tiveram adesão maciça, mas foram eficazes em
bloquear muitas ruas e estradas e estenderam-se por todo o país. Os episódios violentos foram pouco expressivos. Os manifestantes pediam
a renúncia de Duhalde e do seu gabinete e rechaçavam o "modelo econômico" e a busca de um acordo com o
FMI. Simultaneamente às manifestações, o chefe do Exército, general Ricardo Brinzoni, reafirmou que as
Forças Armadas não são "uma opção de poder".
Os manifestantes de ontem poderão tornar-se um novo ator político,
de base popular -distinto da classe
média que reclama o desbloqueio de
seus recursos retidos no "corralito".
Esse possível novo ator político pede
com todas as letras que Duhalde renuncie imediatamente ao cargo.
Outras forças também cogitam
abreviar o mandato do presidente,
embora de maneira menos explícita.
Trata-se dos governadores do partido do presidente, que vêm negaceando apoio, no Congresso, às medidas
que o FMI exige para emprestar ao
país. Continua em cogitação, nesses
meios, antecipar a eleição presidencial marcada para setembro de 2003.
A instabilidade política tem sido
central na crise argentina. Se Duhalde vier a cair sem ter chegado a algumas definições -como o destino
dos recursos bloqueados no "corralito"-, será indício claro de recrudescimento da instabilidade. E seu sucessor terá de começar praticamente
do zero a árdua tarefa de ordenar a
economia argentina.
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