São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Soja
"O artigo do educador Arnaldo Niskier ("Mentes brilhantes e educação caótica", "Tendências/Debates", pág. A3, 24/5) compõe uma crítica muito pertinente a determinados aspectos deploráveis do sistema educacional brasileiro, especialmente no que diz respeito a sua incapacidade em tratar adequadamente nossas mentes brilhantes. Gostaria, entretanto, de fazer uma pequena correção sobre suas informações a respeito da soja brasileira. De fato, o Brasil exporta mais de US$ 3 bilhões em soja e está em primeiro lugar no ranking mundial de produtividade. Apenas não é correta a atribuição de méritos exclusivos à Embrapa, uma vez que a obtenção desses resultados contou com várias outras instituições de pesquisa e ensino, entre as quais está a Universidade Federal de Viçosa (MG), que foi pioneira na pesquisa da soja no Brasil e principal responsável pela sua adaptação ao cerrado."
José Maria Alves da Silva, professor do Departamento de Economia Rural da UFV (Viçosa, MG)

Sem ciência
"À denuncia do corte orçamentário de 45% em "C&T", feita pela professora Glaci Zancan no artigo "Ciência em risco" ("Tendências/Debates", pág. A3, 29/5), devem ser acrescentados: 1. A baixa absorção de doutores formados no país e no exterior pelas universidades, pelos institutos de pesquisa e pelas empresas; 2. A estagnação no número de bolsas (iniciação científica, mestrado, doutorado etc.); 3. A falta de regularidade de verbas para pesquisa nas agências de fomento federais e estaduais (com exceção da Fapesp). Nesse cenário desolador, uma pergunta emerge: é um corte burro ou um corte entreguista que levará ao desmonte do sistema de C&T no país e, consequentemente, à perda de sua soberania?"
Isaac Roitman, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (Brasília, DF)

"Linha Direta"
"A reportagem "No aniversário, "Linha Direta" sai do ar" (Ilustrada, pág. E5, 23/ 5) traz números errados a respeito da audiência do "Linha Direta". Na semana anterior à reportagem, por exemplo, entrando 45 minutos depois de nosso horário normal (depois de "BBB2" e do horário político), a Globo teve 55% do público ligado no "Linha Direta". Isso equivale a 33 pontos, contra 13 da concorrência. É uma prova do erro na frase que diz que o programa hoje "não consegue passar dos 27, 28". Mas isso não ocorreu apenas naquela semana. Desde a estréia da programação da Globo deste ano, por exemplo, estamos entre 34 e 35 pontos. O caderno TV Folha há cinco semanas indica o programa como o quarto ou quinto -dependendo da semana- mais visto do país. Sobre a suposta "geladeira", a explicação é mais simples: com a Copa, nem todos os programas cabem na grade de programação. Alguns mudarão de horário e outros também sairão do ar nessas cinco semanas. Como o "Linha Direta" nunca saiu do ar em três anos -como ocorre com outros programas, que param entre dezembro e março-, chegou a hora de tirarmos férias."
Milton Abirached, diretor do programa "Linha Direta" (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - Sobre a audiência do programa, leia a seção "Erramos", abaixo.

Voto perdido
"Em três eleições presidenciais, deixei de votar no Lula por achar que ele não estava preparado para as funções. Cheguei à conclusão, agora, de que já seria chegada a hora de confiar nele. Para minha decepção, entretanto, surgem as notícias de apoios do PL e, pior, de Quércia. Lá se vai meu voto novamente. É uma pena!"
Percy de Oliveira (Rio Claro, SP)

TRT-SP
"Ao chegar de viagem, li a reportagem "Sorte ajudou Nicolau", diz defesa para justificar US$ 3,8 milhões" (Brasil, pág. A10, 18/5), que distorce de forma vergonhosa e sensacionalista o trabalho da defesa apresentado em favor do referido juiz aposentado. Fosse tudo uma questão de sorte, como sugere a reportagem, convenha-se que as alegações finais não precisariam alongar-se em quase 80 páginas, como a própria reportagem reconhece. De fato, ao longo do trabalho da defesa, afirmou-se que o juiz aposentado tinha muita sorte, mas é pueril, desonesto mesmo, extrair-se daí a conclusão estampada no título. A referência à sorte vem colocada em contexto diferente do explicitado na reportagem. Quanto ao dinheiro encontrado na conta do banco Santander de Genebra, ficou registrado que o acusado Nicolau já possuía aplicações no exterior mesmo antes do seu ingresso na magistratura. Da mesma forma, aliás, que a tão referida "mansão" no Morumbi, adquirida em 1977, antes, portanto, do ingresso do juiz na magistratura (ocorrido em 1981). O título instiga o leitor minimamente inteligente a crer que a "justificativa" da defesa é mera balela -pueril e ignóbil. Representa uma forma atroz de conduzir o leitor à crença na culpa do acusado. A reportagem, além de distorcer os argumentos da defesa, é inexata quando afirma que "seu cliente deverá ter a pena atenuada por ter mais de 70 anos", pois "o advogado se baseia na lei que determina a redução pela metade do prazo de prescrição de crimes atribuídos à septuagenários". Ora, é só ver o trabalho apresentado para perceber o equívoco da jornalista, já que o fundamento da pretensão da defesa é o de que o Código Penal, no artigo 65, quando cuida das atenuantes, logo no inciso I, elenca a idade superior a 70 anos como circunstância atenuante. O problema, obviamente, não se refere à questão técnica. Estranha-se que a jornalista tenha tido acesso a documento que, a rigor, está envolvido pelo sigilo já decretado nos autos e não tenha procurado o advogado tantas vezes referido para esclarecimentos e estranha-se, sobretudo, a distorção da justificativa apresentada para o fato de ter sido encontrado dinheiro na Suíça."
Alberto Zacharias Toron, advogado de Nicolau dos Santos Neto (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Lilian Christofoletti - As informações foram retiradas das cerca de 80 páginas entregues à Justiça pela defesa do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.

Nota da Redação - Sobre a atenuante da pena, leia a seção "Erramos", abaixo.

Leite
"Os argumentos falsos, surrados e ineficazes utilizados em "Cheiro de engodo" ("Tendências/Debates", pág. A3, 27/5) comprovam exatamente o que foi dito em "O revolucionário leite longa vida" ("Tendências/Debates", 23/4). A única correção que merece ser feita é que a Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV) esteve, sim, na mesa-redonda realizada na Folha em 26/3. Foi dignamente representada pela gerente do serviço de informação ao consumidor, a médica veterinária Daniela Rodrigues Alves."
Almir José Meireles, diretor-presidente da Associação Brasileira de Leite Longa Vida -ABLV (São Paulo, SP)



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