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A BICICLETA
A imagem escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para descrever o atual estágio da economia brasileira -uma "bicicleta ergométrica", que, ao ser pedalada,
não sai do lugar- retrata bem o desempenho do PIB no primeiro trimestre, divulgado ontem pelo IBGE.
Houve crescimento sobre igual período do ano passado, mas estagnação em relação ao trimestre anterior.
O quadro de paralisia era previsível,
assim como os novos números do
desemprego, que subiram pelo quarto mês consecutivo na região metropolitana de São Paulo. A taxa atingiu,
em abril, 20,6% da População Economicamente Ativa (PEA), o que corresponde a 1,9 milhão de pessoas.
Trata-se do mais elevado patamar de
desocupação desde que a pesquisa
da Fundação Seade e do Dieese começou a ser realizada, em 1985.
A taxa aumentou em praticamente
todos os segmentos populacionais,
com destaque para a faixa de idade
entre 25 e 39 anos. Também o rendimento médio dos trabalhadores assalariados foi afetado, declinando
8,5% em relação a março de 2002.
A retração do PIB e os indicadores
de desemprego sugerem baixíssimo
risco inflacionário e praticamente
descartam movimentos de reindexação de salários. A projeção de inflação medida pelo IPCA para os próximos 12 meses segue mostrando tendência de queda. O IGP-M de maio já
registra deflação.
Já está mais do que na hora, portanto, de a bicicleta começar a andar.
Para manter a imagem proposta pelo
presidente, é forçoso constatar que
bicicletas ergométricas não se deslocam -o que recomendaria uma troca de modelo. As condições estão dadas. A insistência na política de juros
estratosféricos vai produzindo sequelas indesejáveis. Agrava-se um
quadro contra o qual o governo prometeu e promete trabalhar. É tempo
de a autoridade monetária iniciar um
movimento consistente de redução
da taxa Selic, sinalização fundamental para que os bancos revertam a ascensão dos juros cobrados às empresas e consumidores. A atividade econômica precisa sair de onde está.
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