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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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O MUNDO NA MESA

A União Européia finalmente desobstruiu as negociações multilaterais em favor da liberalização do comércio mundial. Sobre a mesa, o destino de uma fortuna calculada em US$ 50 bilhões. Esse é o valor estimado dos subsídios cruzados que tecem o cobertor protecionista na agricultura européia.
A desobstrução é uma boa notícia para Brasil, África e Ásia, mas é cedo para comemorar o fato. Se Japão e Estados Unidos não derem sinais simétricos de disposição para a liberalização do comércio agrícola internacional, obviamente os europeus recuarão e o impasse continuará.
Infelizmente, os sinais que vêm dos Estados Unidos não são animadores. Os seus representantes já declararam que a disposição européia ainda é tímida, ou seja, não chega ao ponto de obrigar também os EUA a uma rodada de concessões.
Quanto ao Japão, a elite dirigente já deu sinais convincentes, nos últimos 20 anos, de incapacidade para promover reformas estruturais em sua economia protegida e subsidiada, seja no sistema financeiro, seja no acesso a mercados.
A rigor, há muito mais que os US$ 50 bilhões europeus sobre a mesa. O governo dos EUA estima em pelo menos US$ 100 bilhões o montante de subsídios agrícolas destinados pelos principais governos do mundo a suas clientelas agroindustriais.
O outro lado da moeda é a impenetrabilidade, para os países produtores de commodities agrícolas, dos mercados protegidos pelos governos dos países ditos industrializados.
Sofre o Brasil, assim como outras economias em desenvolvimento na América Latina, na África e na Ásia, muitas submetidas ao tacão financeiro que, via FMI, as obriga a esforços exportadores insanos.
O mundo rico cobra dos países pobres a especialização em modelos exportadores enquanto fecha os próprios mercados. Além de inconsistente, esse modelo é politicamente perverso e socialmente inaceitável.


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