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O MUNDO NA MESA
A União Européia finalmente
desobstruiu as negociações
multilaterais em favor da liberalização do comércio mundial. Sobre a
mesa, o destino de uma fortuna calculada em US$ 50 bilhões. Esse é o
valor estimado dos subsídios cruzados que tecem o cobertor protecionista na agricultura européia.
A desobstrução é uma boa notícia
para Brasil, África e Ásia, mas é cedo
para comemorar o fato. Se Japão e
Estados Unidos não derem sinais simétricos de disposição para a liberalização do comércio agrícola internacional, obviamente os europeus recuarão e o impasse continuará.
Infelizmente, os sinais que vêm
dos Estados Unidos não são animadores. Os seus representantes já declararam que a disposição européia
ainda é tímida, ou seja, não chega ao
ponto de obrigar também os EUA a
uma rodada de concessões.
Quanto ao Japão, a elite dirigente já
deu sinais convincentes, nos últimos
20 anos, de incapacidade para promover reformas estruturais em sua
economia protegida e subsidiada,
seja no sistema financeiro, seja no
acesso a mercados.
A rigor, há muito mais que os US$
50 bilhões europeus sobre a mesa. O
governo dos EUA estima em pelo
menos US$ 100 bilhões o montante
de subsídios agrícolas destinados
pelos principais governos do mundo
a suas clientelas agroindustriais.
O outro lado da moeda é a impenetrabilidade, para os países produtores de commodities agrícolas, dos
mercados protegidos pelos governos
dos países ditos industrializados.
Sofre o Brasil, assim como outras
economias em desenvolvimento na
América Latina, na África e na Ásia,
muitas submetidas ao tacão financeiro que, via FMI, as obriga a esforços exportadores insanos.
O mundo rico cobra dos países pobres a especialização em modelos exportadores enquanto fecha os próprios mercados. Além de inconsistente, esse modelo é politicamente
perverso e socialmente inaceitável.
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