São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Uma política para os fundos setoriais
WANDERLEY DE SOUZA
A atual equipe que dirige o MCT reconhece o mérito dos nossos antecessores na estruturação dos fundos setoriais, mas considera que não houve tempo para que se procedesse a uma articulação entre os vários fundos. Por esse motivo, antes de partir para a abertura intempestiva de novos editais, optou por atuar em duas etapas. Inicialmente, vamos regularizar a liberação de recursos para os projetos já aprovados. Cabe lembrar que, para um orçamento previsto de R$ 863 milhões, em 2002, apenas R$ R$ 332 milhões foram efetivamente liberados. Para 2003, contamos com um orçamento inicial, não contingenciado, de R$ 660,5 milhões, com dívidas acumuladas, incluindo os restos a pagar, da ordem de R$ 453,9 milhões, restando cerca de R$ 206,6 milhões para novas ações no corrente ano. Nestes primeiros meses de governo, já atuamos para que recursos da ordem de R$ 222 milhões fossem empenhados até o final de maio. A prioridade da equipe liderada pelo ministro Roberto Amaral é honrar compromissos assumidos, a fim de resgatar a credibilidade do sistema. Estamos trabalhando para que até agosto haja liberações superiores às que ocorreram durante o ano passado. Uma segunda iniciativa foi a de proceder a uma avaliação do funcionamento dos fundos setoriais, sob a perspectiva do MCT/Finep/CNPq, responsáveis pela atuação dos fundos, e dos usuários dos fundos, representados pelas universidades e centros de pesquisa públicos e pelo setor industrial. Tal avaliação, feita por um grupo de trabalho designado pelo ministro Roberto Amaral, propôs uma série de iniciativas importantes, entre as quais se destaca a necessidade de apoio direto às empresas para inovação tecnológica. Uma terceira iniciativa, consubstanciada em portaria ministerial, visou trazer para o MCT, constitucionalmente responsável pela elaboração da política de ciência e tecnologia, a coordenação efetiva dos fundos setoriais. Cada fundo conta com um grupo técnico constituído por um representante do MCT, um da Finep e um do CNPq e vinculado a uma das secretarias do ministério. Cabe à Secretaria Executiva a coordenação dos vários grupos técnicos, com a missão de integrá-los, suprindo assim uma deficiência encontrada no sistema, em que cada fundo atuava de forma isolada e completamente desvinculada da política maior de C&T do governo. Dessa forma, será possível apoiar um determinado projeto com recursos provenientes de vários fundos, permitindo a montagem de cadeias que vão da pesquisa básica à atividade de inovação na empresa. Os grupos técnicos manterão permanente contato com outros ministérios e órgãos do governo ligados aos diferentes fundos setoriais, como é o caso do MEC/Capes no caso do Fundo de Infra-Estrutura, dos ministérios da Saúde e da Agricultura no caso do Fundo de Biotecnologia etc. Esses grupos técnicos receberão subsídios levantados, por solicitação do MCT, pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, por sociedades científicas, associações empresariais e outros. O comitê gestor de cada fundo, constituído por lei, tomará decisões quanto à definição da forma de operação deles, dos temas considerados prioritários para a elaboração de editais ou para ações induzidas etc., bem como será responsável pelo acompanhamento permanente de todo o processo e pela avaliação periódica dos resultados. Os comitês gestores dos fundos de Infra-Estrutura e de Biotecnologia já se reuniram e aprovaram uma série de editais, que serão lançados em julho. Até o final de julho, todos os comitês gestores se reunirão e tomarão decisões referentes a novos editais. É evidente que críticas apresentadas sem prévio conhecimento do que está ocorrendo no âmbito do MCT/Finep/ CNPq correspondem a manifestações em defesa do que está estabelecido, por desconhecimento de que a população brasileira decidiu mudar ou simplesmente por má-fé e oposição sistemática à nova equipe. O tempo mostrará os avanços. Wanderley de Souza, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, é secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José Genoino: O PT e a democracia partidária Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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