São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Maravilha
"Como seria maravilhoso se, com a mesma facilidade com que autoriza aumentos para os pedágios estaduais, o governo paulista autorizasse também um aumento para os tão mal remunerados funcionários públicos do Estado."
Jarbas de Souza Júnior (Assis, SP)

Igreja e homossexualidade
"Em seu infeliz artigo de 28/6, João Silvério Trevisan quer que consideremos normal o que não é normal e digno o que é indigno do ser humano. E quer que a prática homossexual seja considerada um direito humano aprovada pela lei positiva dos países. Em sua ânsia de defender a causa do homossexualismo, critica de forma injusta e até desleal a igreja e o papa. É importante lembrar que a lei escrita por nossos legisladores deve ser conforme à natureza do homem, conforme à lei natural, sob pena de rejeitarmos o Estado de Direito. O positivismo jurídico do escritor somente abre caminho para uma concepção de direito que favoreceu todas as arbitrariedades nazistas contra o ser humano. Trevisan fala muito em dignidade e em amor, mas se esquece de que nada disso existe quando temos uma concepção errada do ser humano e de nossa finalidade última."
Valter de Oliveira, professor de ética e cidadania da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo, SP)

 

"O leitor Josué Sylvestre ("Painel do Leitor", 28/6) reclamou do fato de a Folha ter noticiado a caminhada evangélica na quarta página do caderno Cotidiano, com foto em preto-e-branco e sem chamada na Primeira Página, enquanto a parada gay, ocorrida recentemente, foi noticiada na capa do jornal e com foto colorida. A resposta a essa reclamação está no artigo "Por que celebrar o orgulho gay?", de João Silvério Trevisan, publicado na mesma página e na mesma data da carta do leitor: "O Brasil é um dos países que mais perseguem e matam homossexuais". Com a comunidade evangélica isso não acontece, graças a Deus."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Rebelião
"Em resposta à reportagem "Após rebeliões, 37 internos vão para presídio" (Cotidiano, pág. C3, 26/6), a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo esclarece o seguinte: A Febem não pertence à Secretaria da Segurança Pública. É um órgão vinculado à Secretaria da Educação. A intervenção da tropa de choque na Febem de Ribeirão Preto foi uma solicitação do presidente da Febem, Marcos Monteiro. É mentirosa a informação de que o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, teria feito acordo com o juiz da Infância e da Juventude Guacy Sibille Leite. Quanto aos infratores encaminhados ao CDP, a secretaria esclarece que foi lavrado boletim de ocorrência por motim, incêndio, cárcere privado e formação de quadrilha. Na autuação, os infratores já eram maiores de 18 anos e, portanto, foram encaminhados ao CDP."
Marisa de França, assessora de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Horror ou cinismo?
"Circo dos horrores ou festival de cinismo? A decisão do PT de punir os 12 parlamentares que votaram contra a proposta do "salário ínfimo" de R$ 260 foi uma piada ("PT pune 12 por voto contra mínimo", Brasil, 29/6). Derrotada na tentativa de intimidar dissidentes com a expulsão dos que se rebelaram contra a reforma da Previdência, a cúpula petista não teve coragem de expulsar os 12 rebeldes do salário mínimo porque o partido perderia a condição de maior bancada na Câmara. Retoricamente, colocou-os na "geladeira" até a definição de novo pacto de relacionamento político. Para quem não acredita em Papai Noel, o episódio se traduz no seguinte: chupada a laranja, o bagaço joga-se no lixo."
Luiz Marcolino (Rio de Janeiro, RJ)

Teatro
"Solidarizo-me com os produtores e diretores dos teatros de ópera que se reuniram em Belo Horizonte no último dia 18 e assinaram um acordo de circulação das produções entre as diversas cidades. Solidarizo-me, mas discordo veementemente desse tipo de solução. O problema da produção lírica brasileira é muito anterior e mais profundo do que mera economia de gastos. A ópera no Brasil praticamente não existe, pois, em primeiro lugar, não há formação -não há escolas, conservatórios ou faculdades voltadas para o canto lírico, para a direção cênica ou para a regência operística. Os artistas que podem vão estudar fora e, se conseguem, nem voltam. Em segundo lugar, não existe em nenhum dos teatros que costumam abrigar óperas uma filosofia de repertório a médio prazo -escolhem-se sempre os mesmo títulos, e o pobre público, farto de Carmens, Traviatas e Puccinis, também viaja quando tem condições. Por falar nele, o público, há, sim, uma enorme quantidade de gente aficionada e interessada pelo gênero -a ponto de lotar e de aplaudir muitos espetáculos, mesmo os menos merecedores. Em último lugar -e vinculado ao primeiro-, quero frisar a absoluta incongruência a que se assiste nos palcos nacionais -óperas que utilizam figurinos de outras montagens, às vezes até os cenários, seleção de elencos feita às pressas, mudanças de títulos na última hora, modernizações gratuitas e muitas vezes plagiadoras nas encenações (o que, evidentemente, ocorre em outros países também, mas não com tanta freqüência), uma constante falta de congruência nas montagens e outros tantos equívocos que fazem com que a maioria dos leigos torça o nariz diante da simples menção da palavra "ópera". Como diz um maestro amigo, falta lastro. Mas faltam também empenho, estudo, transpiração e convicção dos artistas, dos produtores, dos funcionários e dos diretores dos teatros para que o país se integre, ainda que tardiamente, ao cenário internacional no qual a ópera é uma forma de arte muito respeitada. Só depois é que poderemos pensar na circulação e no conseqüente barateamento das produções, mesmo porque aqui algumas delas custam mais do que em muito país europeu."
Vivien Lando, diretora cênica de ópera com trabalhos em Moscou, Paris e Gênova (São Paulo, SP)

Universidade
"Em ano eleitoral, falar de universidade virou moda em pleitos eleitorais. Esconde-se o sucateamento e mostram-se maquetes, pedras fundamentais e intenções. As ações são quase sempre acanhadas, mas o estardalhaço eleitoreiro é "mega", pouco importando se casa com a realidade. Afinal, o sem-universidade dá voto e tem de montão por aí. A modéstia, a timidez da expansão da oferta de vagas públicas é justificada até com a criação de cursinho pré-vestibular. É o famoso bode que novamente o governo do Estado de São Paulo acaba de colocar na sala dos lares de milhares de sem-universidade ao retardar a já modesta expansão das universidades públicas paulistas. Há mais de 20 anos a oferta na USP não fura o teto de 10 mil vagas. Dos que entraram na USP em 2004, menos de 75% vieram da escola pública, os CEPs da periferia são raros e não chega a 10% o número de negros aprovados."
Sérgio José Custódio, membro da coordenação do Movimento dos Sem Universidade (São Paulo, SP)


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