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LINHA INTERROMPIDA
Não faz o menor sentido que o
governo federal, por intermédio do Ministério das Comunicações, tenha insuflado uma queda-de-braço judicial com as concessionárias de telefonia em torno dos critérios para reajustar tarifas. Certamente teria sido razoável, por ocasião das
correções dos preços, que governo e
companhias pudessem ter chegado a
um acordo para escalonar o aumento de preços. De fato, embora os índices de inflação tendam a convergir
ao longo do tempo, por ocasião dos
reajustes o índice de referência para
corrigir as tarifas (IGP-DI) estava acima do índice de inflação ao consumidor (IPCA), por serem compostos
por cestas diferentes.
Uma vez, porém, que o acordo não
foi obtido, o desejável seria cumprir
o que estava estabelecido no contrato
entre Anatel e empresas, ou seja, a
correção pelo IGP-DI. O governo não
entendeu assim. O ministro Miro
Teixeira, inconformado com a situação, passou a atacar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
e a incentivar publicamente os consumidores a entrarem na Justiça contra o reajuste.
Num momento de dificuldades e
num país frequentemente acusado
de não manter regras estáveis para o
investimento, não parece boa política um ministro de área tão sensível
sair a campo causando mais confusão e desconfianças. A centralização
das ações em Brasília e a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça
favorável às concessionárias fazem
supor que os contratos firmados serão, afinal, respeitados.
Haverá oportunidade de rediscutir
regras, com a revisão contratual que
valerá a partir de 2006. É de esperar
que o Ministério das Comunicações
possa conduzir esse processo com a
serenidade que não demonstrou até
aqui. Não se trata de propor que o
governo abdique de negociar condições mais favoráveis ao consumidor.
Trata-se, sim, de reconhecer que o
Brasil já tem problemas econômicos
o suficiente para que as autoridades
governamentais venham a agravá-los com ações intempestivas e contraproducentes.
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