UOL




São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Dia do Catequista

Amanhã, 31 de agosto, comemoramos o "Dia do Catequista". Os discípulos e discípulas de Jesus Cristo têm a missão não só de viver a fé no divino Salvador e na beleza de sua revelação, mas de anunciá-la aos que ainda não a conhecem. Evangelizar é proclamar a boa notícia do reino da paz, realizado em Jesus.
O "primeiro anúncio" convida a pessoa ao encontro pessoal com Cristo pela fé. Introduz os que ainda não conhecem o dom da salvação na comunhão com o Pai revelado por Jesus, na descoberta do mistério da vida trinitária e nos valores do Reino de Deus. Somos chamados ao perdão dos pecados, à conversão, a pertencer à comunidade dos que crêem e a viver o evangelho de justiça, perdão, amor e paz, a caminho do Reino definitivo.
Após a adesão inicial a Jesus Cristo, o discípulo precisa aprofundar e amadurecer a sua fé, num processo de conversão interior e de incorporação à comunidade fraterna. Na catequese, o discípulo segue um itinerário espiritual em que vai sendo introduzido nos mistérios da fé, no estilo evangélico de vida seguindo o exemplo e a doutrina de Jesus e participando da comunidade e do serviço ao próximo. A fonte da evangelização e da catequese é a palavra de Deus, que chega até nós pela tradição da Igreja e nos transmite as maravilhas que Deus realiza ao longo da história da salvação.
Quem é o catequista? No sentido literal, é aquele que, por amor, "faz ecoar", ressoar (katá-ekein em grego) a palavra de Deus para nós hoje, ajudando-nos a compreendê-la e colocá-la em prática. São homens e mulheres que, com alegria e sem medir sacrifícios, dedicam-se a anunciar Jesus Cristo a seus irmãos. Lembro-me, comovido, do exemplo de minha mãe, que, por mais de 50 anos, exerceu a missão de catequista nas escolas públicas, formando milhares de adolescentes na vida cristã. Hoje, a catequese se destina também aos que, embora batizados, não tiveram a devida formação integral.
Desde a Igreja primitiva, o período catecumenal -de preparação ao batismo- incluía a catequese bíblica com a narração da história da salvação. Seguia-se a explicação do "símbolo da fé" e do "Pai-nosso"e de suas exigências morais. Momento importante era o aprendizado da oração a exemplo de Jesus sempre unido ao Pai e a introdução à vida fraterna e comunitária, aprendendo a amar o próximo e conviver como irmãos e irmãs. Já neste período o discípulo aprendia que era chamado a ser "missionário", proclamando o Reino de Deus.
Após o tempo necessário de catequese, os discípulos entram numa nova etapa, aprofundando mais o conhecimento e a vivência do mistério cristão. A isto responde o empenho das comunidades em garantir a todos os fiéis adultos a continuação permanente de seu crescimento na fé e na doutrina.
Desde 1983, houve no Brasil grande esforço para renovar a catequese. Nestes 20 anos foram alcançados frutos notáveis: a) a descoberta do valor da Sagrada Escritura, cada vez mais lida e praticada nas famílias e grupos de reflexão; b) o aprimoramento da vida sacramental e comunitária; c) a coerência entre fé e vida, transformando a sociedade a fim de que haja justiça, concórdia e paz como sinais do Reino definitivo; d) o zelo pelo diálogo inter-religioso; e) a solicitude pela solidariedade fraterna, vencendo injustiças e agressões e praticando a opção pelos pobres. Louvemos a Deus pela generosa dedicação dos catequistas -heróis escondidos da evangelização.
Catequizar é um ato de amor a Cristo e ao próximo a quem anunciamos a felicidade do Reino.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos domingos nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Questões de família
Próximo Texto: Frases

Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.