|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Palavra e vida
Setembro está para terminar. Foi
a ocasião para as comunidades
cristãs intensificarem a estima pela
"Palavra de Deus". É o mês da Bíblia.
Temos que louvar e agradecer a Deus
pelo inestimável dom de sua palavra.
Nas celebrações da Eucaristia, um
dos momentos que se reveste de
maior alegria é o da entrada, em procissão festiva, da "Palavra de Deus"
entre cantos e aplausos. Segue-se, depois, a leitura dos textos inspirados.
É essa palavra que devemos sempre
acolher, sobre a qual devemos meditar
e que devemos aplicar na própria vida,
sob a luz do Espírito Santo e da Igreja.
Quantos benefícios temos recebido
ao longo da vida graças à leitura da Bíblia! Ela dissipa as dúvidas, fortalece a
vontade e move para a prática do bem.
Ao comemorarmos o Jubileu em
homenagem a Jesus Cristo, nosso salvador, somos chamados a agradecer
tudo o que nos revelou sobre o mistério da vida íntima de Deus, de seu
amor pela humanidade, o horizonte
de felicidade que nos promete e o auxílio divino para cumprirmos o mandamento da caridade fraterna.
Entre os frutos permanentes da leitura da Sagrada Escritura está a descoberta sempre maior do amor de Deus
por nós e da prática quotidiana desse
amor pelos irmãos.
Dois aspectos caracterizam a novidade desse amor: sua gratuidade e a
alegria que comunica. A bondade infinita e gratuita de Deus é a única explicação da obra da criação, do perdão de
nossas faltas e do convite à comunhão
com ele e entre nós.
Jesus Cristo une a prática do amor
gratuito à experiência mais profunda
da alegria quando descreve a festa de
Deus Pai ao acolher o filho pródigo,
do pastor ao encontrar a ovelhinha
desgarrada e da mulher que recupera
a dracma perdida (Lc 15).
Há, com efeito, uma alegria misteriosa em fazer o bem. Cristo, ao lavar
os pés dos discípulos, diz que serão felizes se fizerem assim (Jo 13, 17). E o
apóstolo Paulo, ao ensinar que devemos ajudar os fracos, recorda as palavras de Jesus. "Há mais felicidade em
dar do que em receber" (At 20,35). No
mundo egoísta, falta-nos a experiência evangélica da alegria que nasce da
doação de si aos outros e da reconciliação com os irmãos. Temos muito o
que progredir.
Muitos pagam o mal com o mal.
Sentimentos de ódio e vingança geram novas formas de violência. Alguns conseguem retribuir o bem com
o bem. Não é tão frequente sabermos
agradecer. Na parábola de Jesus, entre
os dez que alcançam a cura, apenas
um volta para mostrar seu reconhecimento. Diante do mal recebido, a palavra de Jesus leva-nos muito mais
longe e nos ensina a pagar o mal com o
bem. "Amai vossos inimigos. Fazei
bem aos que vos odeiam. Rezai pelos
que vos caluniam" (Lc 6, 27 e 35). Seremos, assim, filhos do Pai celeste, que
é bom para com os ingratos.
Diante das divisões, ressentimentos
e discriminações, precisamos ouvir a
palavra de Deus e aprender a gratuidade do amor, do perdão e as lições de
vida que nos comunica.
O ano do Jubileu proclama a misericórdia. Seja a ocasião de um perdão
generoso, que devolva à família concórdia e alegria. Após as ofensas e farpas do período eleitoral, façam todos a
paz e unam as forças para promover o
bem comum.
Deixemos a palavra de Deus penetrar como semente de vida e felicidade
em nosso coração.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Flávio de Aquino Próximo Texto: Frases
Índice
|