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PERDÃO DA DÍVIDA
O Reino Unido anunciou, no
último final de semana, que
pretende assumir 10% do total da dívida dos países menos abastados
com o Banco Mundial e o Banco de
Desenvolvimento Africano, em uma
iniciativa que tem como meta reduzir
a dívida externa desses Estados, de
acordo com o anúncio feito pelo ministro das Finanças, Gordon Brown.
Este exortou os outros membros
do G7, que reúne os países mais industrializados do planeta, a seguir o
exemplo britânico. Até 2015, Londres reservará US$ 180 milhões
anuais para saldar as dívidas dos Estados pobres. Deve-se salientar que o
passivo desses países com o Banco
Mundial e outras agências de desenvolvimento corresponde a 70% do
total de seu endividamento externo.
A medida em si é positiva. Na prática, todavia, se não for acompanhada
de outras iniciativas, não terá grande
impacto sobre a pobreza existente
nas regiões mais necessitadas do
globo. Vale lembrar, ademais, que,
para as contas do Reino Unido, a
quantia é quase irrisória.
Em seu discurso, bastante aplaudido, Brown condenou o "escândalo e
o desperdício" em que se transformou a Política Agrícola Comum da
União Européia e acusou os países
desenvolvidos de serem responsáveis por parte considerável da pobreza mundial. Afinal, "o protecionismo e as subvenções agrícolas contribuem para agravá-la".
De fato, a abertura dos mercados
europeu e americano a produtos
oriundos de países menos abastados
é essencial para que eles possam encontrar a via do desenvolvimento
sustentável. Segundo especialistas,
não há real desenvolvimento sem inserção na economia global.
Assim, a intenção britânica é laudável, porém está longe até de atenuar
perceptivelmente as desigualdades
entre o Norte desenvolvido e o Sul
necessitado. O perdão da dívida é tão
vital quanto a ajuda direta ao desenvolvimento. Sem uma maior participação no comércio mundial, porém,
os Estados pobres continuarão a depender da benevolência internacional, perspectiva nada alentadora.
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